quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

CATAVENTO: Novos rumos na defesa da criança e do adolescente

Por Rafael Veras Castelo Branco

Criado no dia 13 de julho de 1990 através da homologação da Lei n° 8.069, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 18 anos de existência, defendendo os direitos de crianças e adolescentes sem distinção de raça, cor e classe-social. Na comemoração de aniversário foram levantadas várias discussões acerca de sua legitimidade e prática, onde órgãos, principalmente Organizações Não-Governamentais (ONG’s), deram seu parecer sobre o assunto, cobrando do Estado e da sociedade o cumprimento do estatuto e o respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes.

A Catavento Comunicação e Educação Ambiental, ONG localizada em Fortaleza e originária das faculdades de Comunicação Social e Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma organização ativa no que se diz respeito à cobertura do assunto criança/adolescente. Tarciana Campos, jornalista da Catavento, em palestra a alunos da UFC, mostrou um pouco da responsabilidade e dos exercícios que a ONG promovem em meio à sociedade para defender o ECA e seus beneficiados.

Como muitas outras ONG’s, a Catavento teve atividade influente nas comemorações de aniversário do estatuto, bem como no dia-a-dia, organizando movimentos, divulgando seu trabalho e analisando a cobertura da mídia em relação ao evento e problemática criança/adolescente. Segundo ela, a cobertura do evento foi suficiente e plausível, mas, no que diz respeito à cobertura do cotidiano e dos problemas que as crianças e os adolescentes sofrem, ainda há uma defasagem, principalmente no que se diz respeito a escutar esses jovens e disseminar suas necessidade.

Continuando sua cobrança e seu ativismo, a Catavento promove campanhas e projetos para educar e cuidar de crianças e adolescentes, com ênfase no Ceará e sua região semi-árida. Um exemplo glorioso é o Projeto da Rede de Radialistas Amigos e Amigas da Infância, onde, através de um programa veiculado em todo o Estado do Ceará, são discutidos assuntos e soluções voltadas para a situação da criança e do adolescente, disseminado idéias e verdades para todos do estado, uma iniciativa que pretende e deve ser muito maior.

ENCINE: Um novo caminho através da Arte-Educação.

por Rafael Veras

Diferente de alguns anos atrás, a sociedade e o Estado brasileiro têm ampliado suas preocupações com a questão social, trabalhando pela construção de políticas para diminuir as desigualdades de oportunidades entre os indivíduos do país. A Encine, instituição apartidária e não-governamental,criada em 1998 e coordenada por Ives Albuquerque, é um exemplo bem próximo da nossa realidade.

Localizada em Fortaleza, a ONG é um referencial na luta pela defesa dos direitos humanos, com ênfase na juventude, promovendo atividades educacionais com crianças e adolescentes de escolas públicas e/ou de áreas de risco, por meio das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TCI’s – ex: televisão, rádio e Internet).

A ENCINE realiza todos os seus trabalhos com base na consciência social, aplicando em suas ações os chamados quatro eixos: a educação, a comunicação, a mobilização social e a sustentabilidade. Esses conceitos são passados aos jovens por meio dos Arte-Educadores (Arcos), antigos beneficiados pela instituição que recebem capacitação e formam, num futuro próximo, novos jovens para ocupar seus lugares.

Uma das grandes iniciativas da ENCINE é o Megafone, programa veiculado pela TVC, que tem foco na democratização da voz, tratando sempre de assuntos de relevância social e que tenham boa influência na formação e na capacitação de jovens.

Assim, realizando e implantando propostas de melhoria social, a ENCINE já conquistou prêmios importantes, como o Prêmio Escola Viva 2007, o Prêmio Itaú Unicef 2007 e o Selo de Programa Especialmente Recomendado 2006 (o único do nordeste), pelo Megafone.

Transparência.

A disciplina de Cobertura da Agenda Social recebeu Alberto Teixeira, fundador e diretor executivo da Escola de Formação de Governantes, que explicou como funciona a EFG e falou sobre transparência na política.

Em 1994 aconteceu o primeiro curso de Formação de Governantes da EFG, uma escola que escolhe seus “alunos” não pelo currículo escolar, mas pela atividade social e política que exerce ou deseja exercer.

Segundo Teixeira, a Escola foi criada com o objetivo de formar pessoal para exercer as tarefas de direção política, e não é uma escola do governo, mas uma escola de governo. Seus princípios norteadores são: a capacitação técnica-política, a formação ética e a visão sistêmica. O curso tem duração de dois semestres com 150 horas, dividido em 5 módulos que versam acerca de Política e Democracia, Estado e Sociedade, Economia, Políticas Públicas, Análise de Políticas etc.

Para o professor, a geração de políticos que está no poder é analfabeta política, muitos sequer sabem o que é democracia, e isto é o motivo de boa parte dos problemas sociais do Brasil. A falta de transparência é uma realidade na política brasileira. Pessoas sem o mínimo de ética e respeito com o povo respondem por grande parte dos cargos políticos.

De acordo com o diretor executivo da EGF, nem mesmo as ONG’S estão livres da falta de transparência, algo muito preocupante, já que essas organizações têm uma essência de honestidade e luta em favor do coletivo.

Teixeira acredita que o curso tem um papel fundamental na formação de políticos éticos e que buscam o bem coletivo, não apenas visam seus próprios interesses.
Israel Lima

OPA

O último tema abordado na disciplina de Cobertura da Agenda Social foi a OPA (Oficina de Publicidade Alternativa) ministrada em dois dias por meus colegas Danielle, Diego, Giórgia e Hercília da disciplina de Comunicação Comparada, lecionada pela Professora Doutora Márcia Vidal aos alunos da habilitação em Publicidade e Propaganda.

Os condutores da oficina apresentaram noções sobre Publicidade e Propaganda discorrendo sobre as diferenças nas utilizações dos dois termos, e concluindo que hoje ambos se confundem, sendo utilizados muitas vezes para expressar exatamente a mesma coisa. De fato isto acontece com certa freqüência. Até mesmo no universo acadêmico, dentro do curso de comunicação social fazemos isso.

O grupo levantou ainda questões sobre propaganda socialmente responsável, como: “Sempre é possível fazer uma propaganda socialmente responsável?” ou “Até onde as empresas utilizam o marketing social para se promoverem?” ou ainda “Até onde as ações de responsabilidade social necessitam ser vinculadas às marcas das empresas?”. Questionamentos que nos fazem refletir acerca de tais propagandas desenvolvendo nosso senso crítico, não que devamos pensar que toda propaganda é mentirosa (como ela já é normalmente taxada), apenas devemos ter consciência de que a propaganda é uma construção. O que se diz nas propagandas normalmente não é mentira, apenas é apresentado de maneira que os elementos utilizados estejam dispostos de forma a causar no receptor da mensagem uma sensação que lhe desperte o interesse já existente de comprar determinado produto ou serviço. Claro que também há propaganda enganosa, e este foi outro ponto abordado pela equipe, diferenciar propaganda enganosa de imagem construída.

Por fim, aplicaram um exercício de “desconstrução” de logomarcas, para que a turma analisasse o que cada elemento queria transmitir: cores, modelos tipográficos, formas geométricas etc. Uma publicidade (e uma logomarca é publicidade) pode ter diferentes interpretações de acordo com a carga cultural e do “repertório” de cada receptor.
ECA: em busca de reconhecimento

Israel Lima

Quando se fala em infância e adolescência na mídia de massa, trata-se prontamente de “buscar a saída mais fácil” e mencionar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, em geral, isto é feito de forma muito restrita. Sem grandes aprofundamentos.


Em palestra aos estudantes da disciplina “Cobertura da Agenda Social” da Universidade Federal do Ceará – UFC a jornalista Tarciana Campos, integrante da ONG Catavento, destacou a falta de visibilidade que a mídia de massa dá ao ECA, mas admite que houve um progresso com relação à abordagem do assunto, visto que antes o tema era muito pouco pautado. Em julho deste ano, muitos veículos de comunicação destacaram o aniversário de 18 anos do Estatuto, porém, não é o bastante. O tema carece de uma maior divulgação para que as pessoas o conheçam melhor e passem a respeitá-lo. “No Livro I do ECA há cinco direitos fundamentais, mas na prática, grande parte dessas garantias são desrespeitadas”.


A ONG Catavento Comunicação e Educação existe desde 1995 e trabalha a temática da infância e adolescência junto aos meios de comunicação, entendendo o papel educativo que a comunicação possui, como forma de contribuir para a conscientização das pessoas com relação aos direitos pouco conhecidos das crianças e dos adolescentes. A ONG desenvolve diversos projetos, dentre eles o Programa Sintonia e Infância que é produzido com a colaboração de radialistas dos estados do Ceará, do Piauí e do Rio Grande do Norte através de reuniões de pauta via internet e/ou telefone. Depois de finalizado, o programa é enviado em CD ou MP3 e veiculado em rádios comunitárias dos três estados. Em Fortaleza, o programa vai ao ar pela Rádio Universitária FM.

APAE

Na última quinta-feira, 23, a turma de “Cobertura da Agenda Social” da UFC recebeu a visita da atual vice-diretora e da segunda secretária da APAE Ceará, Maria Luíza Barbosa e Tetê Picanço, que contaram um pouco da história e da missão da APAE.

No dia 11 de dezembro de 1954 surgia no Rio de Janeiro a primeira APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), tendo como seu primeiro presidente o Almirante Henry Broadbent Hoyer. No Ceará a APAE existe há 36 anos e - segundo sua atual vice-diretora, Maria Luíza Barbosa,- já conta com mais de 20 outras espalhadas pelo estado em cidades como Juazeiro do Norte, Iguatu, Várzea Alegre, Sobral e Maracanaú. Em todo o Brasil somam-se mais de 2.000 sedes.

A Instituição recebe ajuda dos Governos Federal, Estadual e Municipal, além de doações de pessoas físicas e jurídicas. Existem hoje 7mil doadores cadastrados. Também são realizadas campanhas para angariar recursos. Desde 1982 a sede da APAE Fortaleza está localizada na avenida Rogaciano Leite, 2001 no bairro Luciano Cavalcante, e sua construção contou, dentre outras ações, com a “Feira do Cacareco” e com a “Campanha do Tijolo” para concretizar-se.

A APAE atende a portadores da Síndrome de Down Leve de 0 a 50 anos, através de um trabalho pedagógico sério feito com responsabilidade. São cerca de 100 funcionários entre assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais - alguns voluntários e outros pagos pela instituição, além dos professores - cedidos pelo Governo – para lidar com os mais de 400 alunos que a freqüentam.
Israel Lima

CULTURA LIVRE

A disciplina de Cobertura da Agenda Social da UFC recebeu Philipe Ribeiro e Uiráporã Maia do Carmo, militantes da Cultura Livre, para contar um pouco de suas experiências com o tema e trocar conhecimentos com a turma. Aliás, este é um ponto muito importante levantado pela dupla: a troca de conhecimentos.

Philipe e Uiráporã buscam uma livre disseminação da cultura, onde as pessoas transmitam gratuitamente e recebam de volta novos conhecimentos. Philipe apresentou o exemplo do cartunista Carlos Latuff, que disponibiliza sua arte na internet gratuitamente. Certo dia um desenho seu foi parar na capa de um jornal extrangeiro, que não pagou um centavo sequer pela imagem. Segundo Philipe, isso não quer dizer que não se deve cobrar por cultura, mas que depende do fim a que ela se destina porque afinal, todos precisam de algum dinheiro para sobreviver. Se o desenho é para um anúncio publicitário que vai render lucros a um empresário, por que não cobrar? Mas se é um desenho de uma logomarca para uma ONG realmente comprometida com a alguma causa nada mais justo que não cobrar. Philipe cita ainda o exemplo da Rádio Muda de Campinas-SP, que funciona no campus da UNICAMP, embaixo de uma caixa d’água (que serve como torre para a antena), aproveitando um espaço até então abandonado. A Rádio Muda toca músicas que talvez não tivessem espaço em rádios comerciais, integrantes da chamada “mídia gorda”, que vende como espaço publicitário o espaço para tocar músicas de qualidade.

Outro exemplo importante é o Movimento Software Livre. Segundo Uiráporã, o Movimento surgiu em contraposição à venda dos softwares, que priva as pessoas do acesso a certas ferramentas de grande utilidade na vida moderna. Quando se compra um computador, em alguns casos o sistema operacional corresponde a cerca de 30% do valor total, dificultando consideravelmente a efetivação da compra. Sistemas gratuitos como o Linux permitem um acesso livre e irrestrito a diversas ferramentas antes privadas. E o Firefox, um navegador gratuito, permite o livre acesso ao “mundo” através da internet.
Israel Lima

CONSELHOS

Muito se ouve sobre os Conselhos Municipais da saúde, da educação etc., porém grande parte das pessoas sequer sabe o que isso significa. Seguindo a lógica etimológica, “conselho” significa indicar a alguém como proceder. E, de certa forma, é isso mesmo o que ele faz.

Em conversa com a Conselheira Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Flor Fontenele, na última quinta-feira, 18, durante aula da turma da disciplina “Cobertura da Agenda Social” da Universidade Federal do Ceará – UFC descobrimos o real significado de Conselho, por quem é formado e quais as suas atribuições.

Segundo Flor, os Conselhos Municipais são formados por representantes do governo e da sociedade civil. Os do governo são indicados, já os da sociedade civil são eleitos da seguinte forma: ONG’s se inscrevem para votar e para concorrer ao posto. A divisão é igualitária, 50% de representantes para cada lado. Bastante criteriosa é sua organização por conta da grande importância que possui, visto que os conselhos “regulam” as políticas públicas criadas pelo governo, e que elas apenas começam a ter validade após aprovação pelo conselho específico. É um passo importante para a descentralização político-administrativa, já que o povo de alguma forma participa das decisões tomadas pelo governo e as regula.

Flor Fontenele ressaltou ainda a importância do ECA, que completou 18 anos de defesa aos direitos da criança e do adolescente, substituindo o chamado “Código do Menor” o qual os tratava como infratores e objetos de tutela do Estado. O Estatuto da criança e do adolescente é dividido em três partes: os artigos que versam acerca da promoção dos direitos, da defesa dos direitos da criança e do adolescente, e do controle social. O ECA não é a favor da impunidade, e sim da adoção de medidas sócio-educativas com vistas na reeducação da criança e/ou do adolescente que cometeu algum ato infrator.

Por Israel Lima

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Comunicação e educação nas ondas do rádio

O último dos textos que falta para a complementação dos trabalhos dessa cadeira, por minha parte, é sobre a ONG Catavento, que contou com a participação de Tarciana Campos. A organização é uma das mais influentes no que diz respeito à defesa dos direitos da criança e do adolescente e, principalmente, a forma como esses sujeitos são tratados na nossa mídia, seja ela impressa, radiofônica, telivisiva ou internet.

A Catavento se propõe a trabalhar na área da comunicação, percebendo-a como estratégia de mobilização social, compreensão e transformação de realidades, a partir da aproximação com processos educativos. O grupo surgiu em 1991 no contexto universitário, onde estudantes se organizaram para produzir um programa sobre meio ambiente. Daí, a produção se transformou em uma organização, que ampliou horizontes e percebeu que a educação poderia se aliar à comunicação.

O público principal da ONG passou a ser o infanto-juvenil. Projetos de programas de rádio, principalmente, vem levando a Catavento a vários municípios do semi-árido, mostrando como a combinação comunicação-educação pode gerar resultados positivos, quanto ao combate da desigualdade social e da defesa da cidadania e dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Em 2004, a Catavento fechou parceria com a Rede ANDI, que tem como função monitorar a cobertura da mídia no que remete a criança e o adolescente. A Rede surgiu em 2000 e tem sido uma das mais atuantes e respeitadas na área.

O que mais chama atenção na Catavento é a apropriação de um meio de comunicação que parece ter sido feito para o mundo democrático. O incentivo à produção radiofônica tem gerado ótimos resultados, que podem ser conferido nos vários endereços que o site da Catavento disponibiliza na web.

Destaque principal para os programas Ondas da Cultura e Sintonia da Infância.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O comunicador e a in-formação

Entende-se por agenda, um livro de anotações para o registro de futuros eventos importantes para quem está tomando nota. Com uma definição assim, simplória, do substantivo, talvez seja possível compreender um pouco da importância desta disciplina que trata das temáticas sócias.

Em uma sociedade, principalmente a brasileira, tratar com a devida responsabilidade de temas tão relevantes, deveria ter um grau maior de comprometimento por parte dos profissionais de comunicação, sejam jornalistas ou publicitários, sem esquecer, é claro, das instituições de ensino que os colocam no mercado de trabalho. Infelizmente a maioria dos comunicadores, falando da forma mais ampla possível, não está devidamente preparada para tratar de forma séria de assuntos como, criança e adolescente, cultura livre, a inclusão das pessoas com deficiência, entre tantas outras questões.

Entre todos os assuntos abordados pelos que visitaram a disciplina, um tópico foi bastante enfatizado, a informação como a maior arma de combate em suas reivindicações. Por essa razão, talvez já esteja na hora do profissional de comunicação compreender sua real responsabilidade social e também assumir seu papel de educador responsável.

Em uma sociedade sedenta por informação, o comunicador ganha uma responsabilidade maior. Não somente se ater à técnica da escrita, ou à estética da matéria, é preciso repensar o que está sendo dito e a forma como isso poderá contribuir positivamente para um bem maior e comum a todos.

OPA: uma alternativa para a propaganda

Aline Nogueira

Para o encerramento do semestre, tivemos como duas últimas aulas de Cobertura da Agenda Social uma Oficina de Propaganda Alternativa (OPA), dirigida pelos alunos da habilitação em Publicidade e Propaganda Diego, Danielle, Hercília e Giórgia. O grande mérito, para mim, foi o contato com alguns conceitos e reflexões de outra área, que também faz parte da Comunicação Social tanto quanto a nossa, o que até então não havia acontecido de forma tão direta.

Apesar do tempo curtinho, conhecemos um pouco da teoria: a diferença entre Publicidade e Propaganda (que não parece uma questão muito bem definida), tipos de signos, relações entre signo, objeto e intérprete, comunicação do coletivo, etc.

O destaque ficou por conta dos exercícios propostos e das discussões levantadas. Pelos exemplos de anúncios de revista selecionados pelos “oficineiros” e trabalhados em grupo, ficou claro que a publicidade não é só aquela “vilã” que cria necessidades e omite desvantagens. Também é possível promover um produto ou uma idéia e, ao mesmo tempo, respeitar o público alvo, evitar abordagens preconceituosas, informar e promover a conscientização de quem assiste, vê ou lê uma determinada peça publicitária. Prova maior disso é que é através da publicidade que ONG´s têm o seu trabalho divulgado e mais pessoas dispostas a abraçar suas causas.

A grande diferença está na conduta ética do comunicador, que pode (e deve!) usar o seu trabalho de acordo com a sua consciência e formação. Ser socialmente responsável pelo que produz e refletir sobre o impacto disso na audiência faz a diferença entre o bom e o mau comunicador. Diante disso, foi lançada a semente de uma campanha no nosso curso de Comunicação Social que chame a atenção dos alunos para essa responsabilidade.

Uma questão de liberdade

Por Viana Júnior

Software livre, segundo a definição criada pela Free Software Foundation, é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído. Não só usuários domésticos, mas também empresas e até governos - nas três esferas (municipais, estaduais e federal) - estão, hoje em dia, adotando o software livre para fugir dos altos custos que precisam pagar por licenças de programas comerciais.

Esse software pressupõe quatro tipos de liberdade, para os usuários: liberdade de executar o programa, para qualquer propósito; liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades; liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo e; liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Um programa é software livre se os usuários têm todas essas liberdades. Portanto qualquer pessoa pode baixar o Mozilla Firefox ou o Gimp (versão livre do Photoshop) da Internet, instalar, copiar e passar adiante, sem nenhum custo e sem ferir direitos autorais.

Segundo Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia, tudo isso é cultura livre, um movimento para difundir idéias, conhecimentos e democratizar a informação, através do acesso livre e eficiente das tecnologias. A cultura livre não pressupõe a compra ou o pagamento de serviços, mas também não significa que não se possa ganhar dinheiro assim. É tudo uma questão de visão. Apesar de não ser pago, os produtores ganham com assistência técnica e atualizações em empresas. Afinal, caridade com os ricos, não tem sentido.

O trabalho do cartunista Carlos Latuff, por exemplo, foi uma das demonstrações de como alguém pode trabalhar livremente, expondo suas criações, deixando-as acessíveis e não perder nada com isso. Sem dinheiro não se vive, mas é possível criar maneiras novas de consegui-lo sem explorar o nosso próximo. Tudo é uma questão de liberdade, não de preço.

Por um lugar ao sol

Por Viana Júnior

Assim como os pais orgulhosos penduram no alto as conquistas dos queridos filhos, também a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) orgulha-se dos largos passos dos seus. A lembrança de todos os que por ali passaram e conquistaram um espaço no mercado de trabalho por seu esforço está estampada no rosto da vice-presidente da instituição em Fortaleza, Maria Lúcia Barbosa. Ela se emociona ao falar das conquistas em prol dos direitos das pessoas com deficiência em meados de 80.

Naquela época, a Apae ainda não tinha sede, funcionava em uma casa alugada. Apesar da estrutura ainda pequena a instituição já oferecia aos pais de crianças com deficiência algumas respostas educacionais, psicológicas e sociais para o acompanhamento dos seus filhos. Com muito esforço e a contribuição de cada fortalezense, uma sede maior e mais preparada para atender aos alunos foi construída.

Há 30 anos como voluntária da Apae, Maria Lúcia conta emocionada a história de alguns dos mais de 170 aprendizes, preparados na instituição, e que agora exercem as mais diversas funções nos Correios, no MC Donalds e na Pague Menos. Através de oficinas, como de informática, de corte e costura e de carpintaria, eles são preparados e treinados para ocuparem postos de trabalho, como qualquer outra pessoa que não apresenta alguma deficiência. Até chegar a essa quantidade de pessoas com necessidades educativas especiais (síndrome de down e deficiência mental leve) que saíram da Apae para o mercado de trabalho, a luta foi longa e árdua, mas ainda não terminou.

Além do atendimento aos alunos há também um atendimento aos pais. Afinal, eles precisam ser os primeiros a acreditar no potencial dos próprios filhos. Só assim as pessoas com qualquer tipo de deficiência podem ser respeitadas e ocupar espaços na sociedade onde realizem suas competências e habilidades.

A APAE Fortaleza atende atualmente a mais de 400 alunos e possui 100 profissionais entre assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e professores, uma parcela de voluntários e outros contratados pela instituição. Todos com alguma especialização na área pedagógica voltada para pessoas com deficiências.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Por uma cidadania transparente

Aline Nogueira

Recebemos na disciplina de Cobertura da Agenda Social o economista Alberto Teixeira, militante do movimento pela transparência e um dos diretores da Escola de Formação de Governantes.
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A EFG do Ceará é a terceira deste gênero no Brasil (a de São Paulo e a de Santa Catarina vieram antes) e seus cursos têm como objetivo ajudar a formar governantes com maior capacidade técnica, maior preocupação ética e visão global. Parlamentares, prefeitos, lideranças de bairros, professores, jornalistas, sindicalistas, militantes, secretários de governo: nesse grupo heterogêneo se concretiza a proposta de coletivizar o saber e a reflexão sobre o exercício do poder público.
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Para Alberto, ainda temos uma postura individualista, limitada. A gestão pública deve levar em conta a interação entre aspectos que, via de regra, aparecem apartados: saúde de um lado, educação de outro, segurança logo mais ali, economia aqui, cultura um pouco mais acolá... Tudo isso perpassa o cotidiano, a sociedade e é o bem estar desta sociedade que deveria, em tese, orientar cada decisão.
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Prova de que isso ainda não acontece é a ausência de análise dos resultados de ações governamentais. Pouco, ou nada, se avalia para determinar a continuidade ou interrupção de uma política pública. Simplesmente se interrompe, porque o novo governo tem seus próprios projetos e deve deixar a sua marca com criações próprias. E aí vai pelo ralo uma boa soma de recursos investidos.
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Entretanto, não é só do poder público a atribuição de agir de forma ética e comprometida com a coletividade. Essa deve ser a mola mestra da conduta de cada cidadão. Buscar informações de como os recursos estão sendo aplicados na cidade, exigir o cumprimento de leis que acabam virando letra morta, organizar-se para fiscalizar a ação de órgãos governamentais e mesmo não governamentais devem ser atitudes constantes. Exercer a cidadania não é só eleger uma pessoa, é cobrar de todos a construção do bem estar coletivo. E para isso não é necessário estar em uma ONG ou movimento social. É uma questão de consciência.
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OPA! Uma tapioquinha? Um sanduíche? Propaganda enganosa

Antes de começar a detonar a OPA (oficina de publicidade alternativa), ministrada pelos impiedosos colegas Danielle, Diego, Giórgia e Hercília, gostaria de falar que fiquei com muita fome, e a falta da comida realmente vai influenciar nos comentários que aqui seguem..

Brincadeira.. (hehehe)

Bem, a oficina colocou na berlinda uma das minhas paixões: a publicidade e a propaganda. Embora postulante a jornalista, sou um apaixonado pelas sacadas inteligentes dos profissionais dessa área, que considero uma arte (leve-se em conta o meu conceito esdrúxulo de arte). Apesar deles me fazer perder aquele tempo, quando estou no fechamento de uma matéria, e, de repente, surge um comunicado interno que um anúncio de sapato vai "comer" metade de um texto que poderia salvar milhões de crianças do submundo das drogas, a publicidade é um meio vital do mundo moderno, capitalista e paradoxal quanto a sua racionalidade.

Interessante ouvir dos colegas conceitos que remetem a uma nova forma de fazer publicidade. Seria algo mais ético? Mais antenado com os movimentos sociais? Com a questão sócio-ambiental? É sempre válida uma pausa no tempo para avaliar a avalanche comunicacional que invade as páginas dos nossos jornais (ai que ódio), a bunda dos nossos ônibus e topics 55, outdoors, panfletos, televisão ou mesmo aqueles 15 minutos intermináveis de comerciais antes do de qualquer filme no cinema.

A atitude crítica a que nós somos chamados durante a oficina é por demais importante, assim como a definição dos conceitos, ou mesmo a apresentação de inúmeros pontos de vistas, de inúmeros acadêmicos diferentes. Não vou negar que me senti um pouco "menino véi", que a partir das revelações dos nosso colegas descobre um mundo diferente e se desencanta com muita coisa.

O que realmente importa para nós nesse momento é discutir o padrão de publicidade que pod existir. Algo mais respeitoso e, acima de tudo, compromissado com a variedade e com a diversidade de pessoas e situações na nossa sociedade. Acredito, sim, que a publicidade pode ter o seu lugar frente a uma socidade afim de formar cidadãos, mas também sou consciente das condições que o mercado impõe. Enfim, são essas as minhas palavras sobre as duas aulas prazerozas que tive oportunidade de participar com os colegas.

Campe: o amor acima de qualquer coisa

"Não sabíamos que éramos militância". Eis uma frase que marcou bastante no depoimento de Keila Chaves sobre o Campe, Centro de Apoio às Mães de Portadores de Eficiência. A entrevistada de uma das aulas da disciplina Cobertura da Agenda Social é uma das fundadoras desta Organização Não Governamental, que vem atuando ativamente em defesa das pessoas com deficiência.

Um discurso visivelmente apaixonado, desapegado de qualquer partidarismo ou teoria maior. Carregado de amor, com certeza. Sentimento que nasceu na falta de estrutura que o Estado, teoricamente responsável por zelar pelos direitos, e até mesmo de instituições privadas proporcionaram ao seu filho Davi, atualmente com 12 anos de idade.

Keila bateu de porta em porta com o objetivo de dar o que toda mãe quer para um filho: educação. Um sentimento que nasceu de um domínio particular, sanguíneo, é verdade, mas que unido aos casos de outras mães, gerou algo coletivo, que hoje engrandece nosso País, atuando em um setor pouco assisistido.

O Campe é um exemplo de instituição composta, acima de tudo, por pessoas guerreiras, não apenas interessadas em dinheiro. O exemplo disso é o próprio depoimento de Keila, que revela desentendimentos com o marido por conta da atividade pouco proveitosa financeiramente.

São atitudes como essa que provam que existem trabalhos que valem mais que qualquer remuneração. O apoio, a recompensa se enxerga nos olhos dos nosso "eficientes", cidadãos como nós. Dignos de respeito e dos direitos, tão caros na nossa sociedade.

Liberdade, liberdade

Aline Nogueira

Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia foram os nossos convidados para conversar sobre cultura livre, com destaque para rádio livre e software livre. Os veículos alternativos, como as rádios livres, tornaram-se espaços de expressão dos grupos que não encontravam inserção no mercado de massa (que Philipe chamou de “mídia gorda”) e preferiram outros caminhos para se relacionar com seu público.
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O rádio acabou ganhando mais força por apresentar baixo custo (pelo menos se comparado a televisão e cinema, por exemplo) e alcançar um contingente numeroso e diversificado de pessoas. O que ocorre, entretanto, é a freqüente marginalização das emissoras alternativas e comunitárias, chamadas comumente de “piratas”. E aí ganha o mundo mais uma lenda urbana: a idéia de que os sinais destas rádios interferem no tráfego aéreo, nas comunicações e por aí vai. Não é a toa que 2 de cada 3 três pedidos de concessão de rádios são aceitos quando há apadrinhamento de algum político, enquanto apenas 1 em cada 12 pedidos de pessoas não ligadas a este meio são deferidos. Trechos de programas como os da Rádio Muda, de Campinas, mostraram o conteúdo produzido pela comunidade universitária.
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O software livre foi igualmente discutido. Ao falar dele, Philipe e Uiraporã ressaltaram a compreensão do conhecimento como algo que deve ser compartilhado, difundido, dividido, pois assim abrem-se as oportunidades para que mais e mais conhecimento seja gerado. A idéia é colaborar com o aperfeiçoamento dos programas e se beneficiar desta construção coletiva. O curioso da história foi saber que os programas “nasceram livres”, sem a rígida proteção dos direitos autorais, mas o mercado acabou percebendo este filão e comercializando. Interessante perceber também que a militância da cultura livre não se faz de inocente e sabe separar em quais situações é necessário cobrar pelo trabalho realizado e em quais outras a circulação do conhecimento é que vai gerar bons dividendos.
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A Espetacularização da Notícia.






















A imagem é do artista britânico Banksy. Sua atuação artística se confunde com sua crítica política e social, em especial ao capitalismo desumanizador e as guerras. A imagem publicada aqui é bem ácida, porém não podemos mentir que retrata muito do que vive atualmente a produção jornalística vinculada à necessidade de audiência e embaçada por uma ética duvidosa. Que o diga a Eloá. Como os profissionais da comunicação podem escapar dessa armadilha?
Veja mais em http://www.banksy.co.uk/menu.html

domingo, 30 de novembro de 2008

"Uma imagem vale mais que mil palavras"

Nem parece que chegamos ao fim. Depois de descobrirmos um pouco mais sobre o mundo de quem está diretamente ligado ao bem-estar social, já bate aquela saudade. Unicef, Encine, MST... cada personagem mais interessante que o outro e, para fechar com chave-de-ouro, é hora da oficina do estudante de Comunicação Social (Habilitação: Publicidade) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Diego Soares, que mesclou teoria e prática ao demonstrar a importância da imagem na sociedade.

Foi com base na idéia de que elementos simbólicos possuem uma carga semântica capaz de identificar ou até mesmo ocultar, como exemplo o estilo 'clubber' do estudante de Jornalismo Edgel Joseph - UFC, uma marca pessoal indissociável da sua personalidade esfuziante, que Diego separou a turma em grupos e exibiu no "data-show" algumas logomarcas de instituições não-governamentais, como a da WWF. Objetivo? Perceber se a estrutura de fontes e cores de uma logo estão afins com a missão da ONG correspondente.

E não é que deu certo? Há uma relação intrínseca da imagem com a instituição responsável pelo reconhecimento da identidade da marca. Com tal exercício, pôde-se aplicar conceitos de "criação de imagem", como os de significante e significado, fundamentais para o entendimento de como se processa o imaginário coletivo sobre o que se é observado.

Edgel Joseph

sábado, 29 de novembro de 2008

Oba!!! A OPA.


O último tema a ser abordado pela Cobertura da Agenda Social foi Propaganda Alternativa trazida a nós pelos colegas Danielle, Diego, Giórgia e Hercília. Nossos colegas realizaram uma OPA (oficina de publicidade alternativa), qualquer aluno da publicidade dos semestres finais conhece a OPA que faz parte da disciplina de Comunicação Comparada da Profa. Dra. Márcia Vidal.
A diferença é que a OPA iria ser feita para um grupo de acadêmicos da comunicação, para futuros jornalistas e publicitários.
Nada mais correto do que abordar a diferença entre os termos Publicidade e Propaganda, acabamos percebendo que nós mesmos que estudamos os processos de comunicação não sabemos definir com clareza a diferença entre as duas.
Como explicado pelos oficineiros os termos Publicidade e Propaganda acabaram tornando-se praticamente sinônimos até mesmo dentro do âmbito acadêmico, não havendo um conceito uno para os termos.
O excitante das Ciências Humanas é cada um poder ter uma visão diferente da mesma coisa, isso nota-se por exemplo na leitura crítica das peças publicitárias que nos foram apresentadas, o que é ofensivo a um pode não o ser para outro e por aí se vai.
Houve ainda a comparação entre os papéis do jornalismo e da publicidade e seus campos de atuação.
Mas o mais importante de tudo é a discussão e reflexão a respeito do poder e do impactos das publicidades. Onde levantamos aqueles velhos questionamentos sobre a propaganda determinar ou influencias tendências.
A Publicidade não é formada por um time de vilões cuja única missão é fazer as pessoas consumirem freneticamente, pelo contrário, vimos exemplos de publicidades ética, sem máscaras e com cunho educativo e social.
A publicidade usa os meios para enviar uma mensagem ao receptor que a decodificará de acordo com sua vivência, práticas culturais e capacidade reflexiva.
Alexandrina Oliveira




A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) esteve presente nas discussões da Cobertura da Agenda Social, recebemos Maria Luiza Barbosa, vice-presidente da APAE, e Tetê Picanso, 2ª secretária da instituição, que nos falaram um pouco da sua luta e do funcionamento da APAE.


A APAE existe no Estado do Ceará há 36 anos e Maria Luiza trabalha na instituição há mais de 30 anos, nossa convidada ficou visivelmente emocionada ao nos relatar a história da associação. Maria Luiza não possui nenhum filho com deficiência intelectual, na verdade Maria Luiza teve seu primeiro contato com pessoas com deficiência quando foi designada pelo Estado para ministrar aulas no Instituto dos Cegos do Ceará, ao conhecer a proposta da APAE Maria adere ao movimento. Tetê também não tem nenhum filho ou parente com deficiência o que mostra que ainda existem pessoas capazes de se sensibilizar com a situação do outro e a ajudar sem requerer nada em troca. Pessoas com Maria Luiza e Tetê se doam de corpo e alma em nome da causa.


A APAE trabalha com pessoas com deficiência intelectual leve promovendo e articulando ações de defesa de direitos, prevenção, orientação, prestação de serviços e apoio às famílias, direcionadas a melhoria de qualidade de vida da pessoa com deficiência.


Atendendo pessoas de 0 a 50 anos oferecendo educação e cursos profissionalizantes proporcionando a inserção no mercado de trabalho dessas pessoas que muito podem oferecer.


Além do atendimento aos deficiente intelectuais há também um atendimento aos pais, um serviço de orientação para que em casa eles possam ajudar na complementação do tratamento de seus filhos ajudando-os a se desenvolverem.
A APAE Fortaleza possui aproxidamente 410 alunos e mais de 100 profissionais entre assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e professores sendo uma parte cedida pelo Estado ou Município, uma parcela de voluntários e outros contratados pela instituição e todos têm especialização na área pedagógica voltada para deficientes.
Nossas convidadas frisaram que hoje é cada vez maior o número de deficientes formados pela APAE que conseguem uma colocação no mercado de trabalho e o quanto isso é importante para a auto- estima deles, o quanto isso dá orgulho aos pais.
Como qualquer instituição filantrópica a APAE luta para se manter através de campanhas de doação, através de um serviço permanente de telemarketing, atualmente conta com 400 sócios-contribuintes fixos. O papel da mídia é muito importante por dar notoriedade aos serviços prestados na associação gerando assim mais divisas e interesse no voluntariado.
Por Alexandrina Oliveira

Cultura Livre - O Caso da Wikipédia

Recebemos Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia para falar um pouco sobre Cultura Livre. Os dois defendem o acesso irrestrito ao conhecimento, através do movimento Cultura Livre. Eles citaram o movimento dos softwares livres impulsionado pelo uso de Linux e Mozilla Firefox e citaram o campo da cultura através do cartunista Carlos Latuff que disponibiliza sua arte na internet.

Fora as rádios,jornais e TVs comunitárias que longes da citada “mídia gorda” criam maneiras próprias e fazer a comunicação, a cultura livre vem saindo do âmbito dos movimentos sociais e ganhando cada vez mais espaço em todos os campos da nossa Sociedade.

Um dos exemplos citados pelos dois foi o caso da Wikipédia, que reproduz o maior princípio do movimento Cultura Livre que é o acesso irrestrito ao conhecimento além de trabalharem a chamada “inteligência colaborativa” e é totalmente sem fins lucrativos.





A wikipédia é gerida e operada pela Wikimédia Foundations,cujos objetivos são desenvolver e manter projetos de conteúdo livre em diversos idiomas, através de sistema colaborativo, tendo seus conteúdos disponibilizados ao público livre de encargos financeiros. e os custos financeiros para manter os projetos são cobertos através de doações. A Wikimédia Foundations desafia o modo convencional de lidar com propriedade intelectual, pois não há qualquer cobrança de direito autoral. Informação não tem dono, dizem os arautos dos novos tempos.



A Wikipédia é apenas um dos projetos de conteúdo livre operados pela Wikimédia, que ainda congrega os projetos:

  • Wikipédia (é uma enciclopédia multilíngüe online livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias.)
  • Wikcionário (dicionário livre e completo em todas as línguas),
  • Wikiquote (coletânea de citações de pessoas proeminentes, livros e provérbios),
  • Wikilivros (dedicado ao desenvolvimento livre e disseminação de livros e textos didáticos de conteúdo aberto) ,
  • Wikisource (reúne um conjunto de textos que possuam valor histórico-cultural e que sejam compatíveis com a licença GFDL),
  • Wikimedia Commons (com o objectivo de servir de repositório para imagens e outro tipo de multimídia livre)
  • Wikispecies (exclusivo para a catalogação de espécies de seres vivos)
  • Wikinews (é um projeto de notícias livre)
  • Wikiversidade (ambiente livre e aberto para educação universitária mediada pela web e estudos gerais em uma comunidade de pesquisa)
  • MediaWiki (software livre usado para gestão de todos os projetos da Wikimédia Foundation)

A wikipédia está entre os quinze websites mais visitados no mundo segundo o serviço Alexa.com , mostrando que a cultura livre uma realidade, que é um movimento organizado e que tem tudo para dar certo.

Lógicamente que tudo não é mil maravilhas por se tratar se um projeto colaborativo muitas informações pode não estarem presentes, alguns casos vamos ter que lidar com a guerra de edições e os vandalismos, pois a wikipédia ainda carece de operadores voluntários para monitorar os conteúdos.

Mas o considero apesar de tudo o projeto de cultura livre mais organizado e bem sucedido não só por ser uma wikipedista, mas também por ser uma comunicóloga que preza o acesso à informação.

Alexandrina Oliveira

Analfabetismo Político de nossos Governantes



O diretor executivo da Escola de Formação de Governantes, o Prof. Alberto Teixeira, em palestra a turma da disciplina de Cobertura da Agenda Social nos falou sobre Transparência política e sobre o projeto da Escola de Formação de governantes.

Conforme consta no Art.37 da Constituição Federal os princípios básicos da Administração Pública são: Legalidade (fazer somente o que está disposto em lei), Impessoalidade (consecução do bem de todos), Moralidade (há de conhecer, assim, as fronteiras do lícito e do ilícito, do justo e do injusto nos seus efeitos), Publicidade (a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos) e Eficiência (primazia da eficácia no alcance de resultados favoráveis à consecução dos fins).

Tendo conhecimento dos princípios básicos que deve seguir um administrador ou governante público ainda cobra-se transparência dos atos dos mesmos, sendo que isso está implícito nos deus deveres. Transparência de seus atos não é um favor é um dever que se tem com um povo. Lutar pela Transparência política nada mais é que pedir que a lei seja cumprida.

Como nos disse o Prof. Teixeira a geração que atualmente está no poder é analfabeta política, que assumiu o poder após muitos anos de ditadura e assumiu o poder sem muitos terem a noção do que seria democracia.

Teixeira afirma ainda que um dos maiores vilões no âmbito político é a confusão entre o público e o privado o que me remete imediatamente ao livro “A casa e a rua” de Roberto DaMatta, onde o autor aborda a influência do território entre a casa e a rua na formação democrática do brasileiro,sendo a casa e a rua esferas de ação social, e nos mostra como a sociedade brasileira os espaços não se delimitam e transformamos o público em extensões de nossa casa afim se servir nossos interesses.

Diante de tal quadro surge em 1994, a Escola de Formação de Governantes, na Universidade Estadual do Ceará, para formar nossos governantes e líderes comunitários dando-lhes uma visão sistêmica e estratégica, uma adequada capacitação técnica e uma sólida formação ética.

Uma escola que escolhe seus “alunos” não pelo currículo escolar, mas pela atividade social e política que exerce ou deseja exercer, onde se pode ver políticos, secretários do estado e municípios juntamente com líderes populares, aprendendo junto o que deveria ser nos ensinado desde cedo.
Alexandrina Oliveira

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Opa! Tem de haver comunicação!

Estava aqui lembrando de quando comecei a faculdade. O primeiro semestre era uma maravilha. A sala era divida entre alunos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda. Foi quando começamos a ter nosso primeiro contato com a comunicação, noções básicas das duas habilitações oferecidas na Universidade Federal do Ceará. No início veio a dúvida:

- Será que escolhi a habilitação (jornalismo) correta?

Era incrível como eu gostava da Publicidade tanto ou mais do que do Jornalismo.
Mas o tempo foi passando e meu contato com a Publicidade foi diminuindo. Só voltei a trabalhar diretamente com o assunto alguns semestres depois, em 2007, quando entrei na LIGA Experimental de Comunicação. Foi quando a paixão voltou. Na LIGA nosso trabalho era voltado para movimentos sociais, projetos da Universidade...


Tudo foi contribuindo para que seis meses depois eu escolhesse estudar um pouco mais da Cobertura da Agenda Social. Durante este semestre (2008.2) tivemos dez palestras, das quais uma, a última, foi inteiramente dedicada a uma Oficina de Publicidade Alternativa (Opa). Quem nos proporcionou esse intercâmbio de habilitações foram nossos colegas, também alunos da UFC e futuros publicitários, Danielle, Diego, Giórgia e Hercília. A Opa durou dois dias, tempo que não foi suficiente, mas fez com que discutíssemos conceitos e analisássemos algumas campanhas.


Na lista estavam peças da WWF, Greenpeace, entre outras ONG’s e empresas como Honda e Philips. Em todas elas, símbolos, frases, fotos tinham uma sintonia com o assunto abordado. É gente... É incrível como a publicidade pode ajudar no crescimento de uma instituição e na difusão de um conceito. Por isso a importância da Agenda Social utilizar a publicidade. Não precisa ser uma campanha megalomaníaca, com o melhor papel e divulgação em todos os outdoors da cidade, basta que a mensagem chegue ao público-alvo.


Para comunicar, serve um pedaço de cartolina, uma faixa, um cartaz, um spot na rádio, um e-mail, um gesto, uma intervenção no meio da rua, ou um blog como este, que fizemos na internet. O que não dá é para ficar parado esperando tudo acontecer, sem fazer nada para mudar, sem comunicar.

Por Pamela Lemos

Quanto vale uma notícia?


Por Lívia Nunes

Dentre as principais indagações que os estudantes de jornalismo fazem sobre o futuro profissional estão: Onde eu estarei empregado? e Qual tipo de jornalismo estarei praticando? Estas indagações, embora pareçam distantes, estão intrinsecamente associadas. A instituição e o tipo de mídia na qual o jornalista trabalha representa muito sobre o tipo jornalista que ele optou ser.

Se o jornalista escolhe fazer um jornalismo baseado em sensacionalismo, mentiras, calúnias e injúrias, ela está indo contra o código de ética do jornalismo, que de acordo com o Capitulo II, Art. 4°, informa: “O compromisso principal do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação”. Entretanto, a fim de lucrar e ganhar da concorrência, alguns jornalistas nem sempre se pautam na ética para fazer um bom trabalho.

Um exemplo clássico é o sensacionalismo em torno de crimes que causam grande comoção. Aproveitando-se da curiosidade e da emoção geral, os jornalistas exploram até a exaustão o assunto, para logo após, ser trocado por outro que gere mais repercussão. Fazendo jus a esse exemplo, temos o caso da “Menina Isabella” – como assim a chamavam. Durante quase dois meses, só se ouviu, leu e viu sobre o crime do qual uma criança de cinco anos foi arremessada do sétimo andar.

No decorrer da investigação, a mídia, involuntária ou voluntariamente, sem tomar o devido cuidado com a apuração dos fatos, induziu as pessoas a acreditarem que inocentes eram culpados. E quando já não existia mais nada para ser noticiado, prenderam a atenção do público com a falsa idéia de que os assassinos seriam descobertos em breve. E agora, alguém sabe como estão os familiares de Isabella? Ou quando vai ser o julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá?

E ai? Que tipo de jornalista você pretende ser???

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Livre? Por quê?

Todos sempre falam em liberdade com tanta propriedade. Confesso que desde pequenininha ouço esse palavrão e, acredito que, assim como os outros, também desejei sempre ter essa tal liberdade.

Mas, afinal, o quê é liberdade?

Fui atrás do "pai-dos-burros", nosso querido dicionário. E lá estava a tal palavra: “LIBERDADE, s.f. Condição de uma pessoa poder dispor de si; faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa; livre arbítrio; faculdade de praticar tudo aquilo que não é proibido por lei; o uso dos direitos do homem livre”.

Nesse momento, um olhar atento, havia chegado em uma outra palavra, uma palavrinha atrelada à liberdade: "livre". O homem livre...

E o homem está preso? Nós estamos presos?

Pausa de um minuto para reflexão...

E foi pensando nessa pergunta que vieram um turbilhão de coisas à minha cabeça, um turbilhão de coisas que faz o homem ser preso, um monte de coisas que tira a liberdade, tira o direito de ser livre. Para citar um exemplo simples, vamos pensar em cultura, em acesso à informação, em meios de comunicação, em internet. Será que temos liberdade em tudo isso? Será que somos livres para falar o que quisermos, para acessar o que quisermos? Será que TODOS têm direito, têm livre acesso?

Não precisa pensar muito para perceber que a resposta é: não! Para não prolongar muito e perder o fio da meada, vamos começar nossa análise pela internet! Parece que foi ontem que ela foi criada, mas já faz décadas que a internet existe. O problema é que nem todos têm acesso a ela, nem todos podem pagar os programas operacionais da rede mundial. Vamos a um exemplo simples: você conhece alguém que compra o programa original do Windows? Quem usa o pacote Microsoft Office original? Tirando os casos em que os computadores saem da loja com o software do fabricante, você dificilmente conhece alguém que usa tudo original. A maioria faz cópias de CD'S piratas. Mas existem os softwares livres, que dispensam pagamento, que estão livres na rede para qualquer um pegar, mas que ainda não são tão populares quando os "originais" de Bill Gates.

Na conversa que tivemos com Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia, em um debate sobre Cultura Livre, eles nos falaram sobre o surgimento desses softwares livres, disponíveis para todos. São "produtos" criados não apenas para beneficiar uma pessoa, mas para uma rede, onde cada um contribui com o que sabe, cada um sede um pouco do conhecimento.

E a cultura? Bom, muitos artistas disponibilizam seus trabalhos na internet para que qualquer um utilize. Exemplo é o cartunista Carlos Latuff, que expõem suas criações, deixando-as acessíveis e, claro, não perder nada por isso. No caso dele, não se trata de uma divulgação direta, mas do compartilhamento do trabalho, da oportunidade de ver os desenhos dele estampados em publicações internacionais.Outro exemplo citado durante nosso encontro foi a Rádio Muda, uma rádio comunitária de Campinas-SP, que funciona dentro da Universidade e tem alcance na região do campus e proximidades. Lá o objetivo não é vender, mas informar, trocar, distribuir e possibilitar que todos tenham liberdade de passar e de ter acesso à informação, de ser livres.

Por Pamela Lemos

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Amar se aprende amando

“O amor que move o sol,
Como as estrelas
O verso de Dante
É uma verdade resplandecente,
E curvo-me ante a sua magnitude,
Ouso insinuar,
Sem pretensão a contribuir
Para que se desvende o mistério amoroso:
Amar se aprende amando.
Sem omitir o real cotidiano,
Também matéria de poesia.”


Carlos Drummond de Andrade


Basta parar alguns minutos; ver com mais sensibilidade o brilho dos olhos; sentir o coração bater forte; ouvir a voz, que passa determinação; saborear histórias doces e, ao mesmo tempo, amargas; cheirar o aroma predominante no ar, aroma de flores, de alegria, de vida. Com os sentidos a flor da pele, algumas vezes fica até difícil imaginar a vida sem sentidos. E na sua vida, qual é o sentido? Seria algum dos cinco sentidos, ou você teria um outro sentido para viver? Mas, e se você nascesse sem os sentidos? Se nascesse sem... ou melhor, com alguma deficiência? Como seria sua vida? Seria sem sentido? Ou você daria algum sentido?
Pergunta difícil? Talvez sim, mas é importante que, antes de tudo, você sinta, ou imagine, como seria sua vida se você fosse deficiente. Na realidade, esta não seria a pergunta correta, já que todos nós sofremos com algum tipo de deficiência, mas, neste caso, considere as deficiências físicas e mentais.
Ainda pensando nesse assunto, pense em quem te apoiaria caso você fosse deficiente? Pensou? Pois é, não raro você deve ter imaginado seus pais, ou, mais precisamente, sua mãe. Mãe, amor incondicional. E foi justamente esse amor que senti quando conheci uma mulher, para mim uma guerreira, chamada Keila Leite Chaves.
Keila é mãe de uma criança deficiente, e foi a partir das dificuldades sofridas com a criação do filho, que não era aceito em nenhuma escola, que ela percebeu as dificuldades vividas por outras mães. Angustiadas e, ao mesmo tempo, determinadas, elas decidiram fundar, em 2003, o CAMPE - Centro de Apoio à Mãe do Portador de Eficiência. As mães preferiram diz eficientes sim, deficientes, não. E foi com aquele amor poético, de um “amar se aprende amando”, que elas iniciaram uma longa caminhada em defesa dos portadores de deficiência.
Em 2004, a ONG começou a funcionar em uma casa alugada pelas mães, que aproveitaram o local para ficar com as crianças, brincar, educar e conversar sobre como resolver as dificuldades com o aceso à educação. No ano de 2005, depois de muito esforço, as mulheres garantiram vagas para 20 crianças e adolescentes.
“O que muita gente não sabe é que a criança deficiente tem direito à escola como qualquer outra criança, a declaração Salamanca está aí”, diz Keila, referindo-se à lei que fala sobre o direito do deficiente estudar. E assim, contando também com o apoio do Ministério Público, da Comissão de Defesa do Direito à Educação e da imprensa, foi possível assegurar o direito à educação.
“Quem dá vida às leis é a militância, os movimentos sociais”, afirmou Keila. E com essa frase, ela chamou ainda mais atenção de todos os alunos. Ela se descobriu militante e percebeu que para ter um direito cumprido, as pessoas precisam se unir, se movimentar, e assegurar seus objetivos. Foi assim, com a luta pelos direitos garantida, que os deficientes passaram a ter direito à escola, a participar e interagir com a sociedade, a mostrar o rosto e a ser lembrados não pela deficiência, mas pela transformação da realidade com a conquista de um espaço. E, com certeza, tudo isso foi possível com um primeiro ato: amar, ação que passou a mover a vida dessas mulheres e assegurou às crianças o direito de amar, direito que elas aprenderam amando a vida.
Por Pamela Lemos

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Opa, que negócio é esse!?

Darlano Dídimo

Apesar de fazer parte da comunicação social, nunca me senti um comunicólogo completo, mas sim um jornalista. A Publicidade & Propaganda jamais havia me atraído, em todos os sentidos. Um das primeiras oportunidades de contato foi agora com a Opa, Oficina de Publicidade Alternativa, ofertada pelos alunos do curso “encubidos” de realizá-la como nota para a disciplina de “Comunicação Comparada”. Uma experiência interessante que pode ter me ajudado a rever alguns preconceitos que tinha em relação ao tema.

No início, fomos pedidos a conceituar as palavras “publicidade” e “propaganda”. Não fui o único que não tinha noção alguma sobre a diferença entre os dois termos. Depois que os “professores’ Danielle, Diego, Giórgia e Hercília nos explicaram, as dúvidas continuaram, o que não causou estranheza nenhuma, afinal estamos nas ciências humanas, onde nenhum conceito é padrão. Uma comparação inevitável entre jornalismo e publicidade que não pude deixar de notar foi a das perguntas que um lead e uma peça publicitária devem responder. São os mesmo “o que?”, “por que?” e “como?”, com a inclusão de “pra quem?” e de “qual o canal de comunicação?”.

Ao longo dos dois dias de oficina, fomos apresentados a diversos trabalhos no ramo realizados para a comunicação alternativa e foi aí que notei que a publicidade pode não ser tanto um luxo quanto pensava e que sua eficiência existe sim, que, aliás, é mais subjetiva do que imaginava. O jornalismo pode sim ter uma maior eficiência no sentido comunitário, mas para alçar vôos mais altos, a outra habilitação tem também que se fazer presente. Tanto que instituições de caridade, ONGS e outras entidades ligadas a um caráter contestatório que são conhecidas nacional ou mundialmente possui, se não um mega, um mínimo de investimento em publicidade para promover o seu trabalho, para falar pra todos “que eles existem”. Talvez a publicidade não seja tão comercial como eu pensava.

Opa! Aqui também tem publicidade.

Camila Grangeiro


Os dois últimos encontros da turma da disciplina de Cobertura da Agenda Social foram marcados por uma discussão que, dessa vez, abordou mais a fundo a questão da publicidade e propaganda.

A Oficina de Publicidade Alternativa (Opa) foi ministrada por alunos do curso de publicidade da UFC, e levou aos alunos da disciplina um olhar mais atento e analítico das propagandas que são veiculadas no mundo inteiro. Os alunos discutiram a diferença entre propaganda e publicidade, realizaram dinâmicas envolvendo marcas conhecidas no mercado e fizeram uma verdadeira leitura crítica da mídia publicitária.

Mas porque é tão importante essa análise? Muitas foram as conclusões para essa questão, opiniões de vários tipos surgiram, mas o que marcou foi a necessidade que todos sentiram de não comprar uma idéia se ela não for realmente boa, comprar no sentido de aceitar e compartilhar dela.

Se uma empresa tenta passar uma imagem que não é dela, ou tenta mostrar o que tem de melhor, tudo isso só vai ser possível se sua propaganda for bem elaborada. O que precisamos refletir é que a profissão também tem lados bons, e muito bons, diga-se de passagem. A oficina pôde mostrar um lado nem sempre conhecido da publicidade, o lado ético, sem enganação ou máscaras, mais humano...um lado alternativo.

sábado, 22 de novembro de 2008

Entre o público e o privado

Cada vez mais perto do fim do percursso, dessa vez, a nossa Agenda Social traz o diretor executivo da Escola de Formação de Governantes, o jornalista Alberto Teixeira. Ele explicou a importância do curso de governantes para um melhor entendimento das funções do poder público. "A geração que atualmente está no poder é analfabeta política", declara.

À frente da Escola de Formação desde 1994, quando foi iniciado, pela primeira vez, o curso na Universidade Estadual do Ceará (UECE), Alberto Teixeira diz que "a responsabilidade com o setor público ainda é muito pequena" e sugere como soluções para a deficiência da máquina estatal uma reeducação do povo, ao se estimular a democracia participativa, o respeito aos direitos humanos, além de ações eficazes que garantam o desenvolvimento nacional.

Alberto ainda cita como causa da má gerência pública por parte dos governantes a confusão entre público e privado. E, talvez, está aí a falta de diligência com o que é coletivo. A preocupação é de favorecer os grandes interesses políticos e econônimicos, e não os sociais. "Temos de lutar para que a expansão do público seja efetivada", defende.

Sobre a missão da Escola de Formação, o jornalista é enfático. Ele afirma que ela não ocupa o espaço da universidade, já que não é ensina administração pública. "Não é uma escola do governo, mas de governo". E antes de concluir a conversa com nossa turma, Alberto deixou um recado para os representantes do poder: "O governante deve estar apto a compreender os elementos fundamentais de qualquer área do governo, competindo-lhe a responsabilidade de decidir e definir prioridades, o que pressupõe a capacidade de julgar as questões no contexto da validade global em que se inserem".


Edgel Joseph

Cultura Livre

Por Gabriela Meneses


Na nossa Agenda Social do dia 6 de novembro de 2008, tivemos um papo descontraído com Philipe Ribeiro e Uira Porã Maia sobre Cultura Livre. Philipe tem formação na área ambiental e participação em movimentos sociais. Já Uiraporã presta serviços ao Ministério da Cultura, no projeto Pontos de Cultura, responsável por articular e impulsionar as ações que já existem nas comunidades, através dea distribuição de equipamentos multimídias. Os dois defendem o acesso irrestrito ao conhecimento, através do movimento Cultura Livre.


Atualmente, segundo Philipe Ribeiro, a cultura livre vem ganhando espaço nos movimentos sociais. Ele explica que, por conta da falta de representatividade dos movimentos na “mídia gorda”, eles começaram a desenvolver maneiras próprias de comunicação. São jornais comunitários, rádios comunitárias, tv’s comunitárias e muitos outros tipos de mídia que compartilham a informação com o público alvo do movimento, sem precisar passar pelo crivo da grande mídia.


Para os adeptos dessa causa, a comunicação e a cultura são direitos de todo ser humano e não deve haver restrições na sua difusão. No entanto, a realidade não é essa. As rádios comunitárias, por exemplo, são consideradas piratas, fora da lei, sendo, por vezes, impedidas de funcionar, mesmo que estejam contribuindo para a formação de cidadãos de uma comunidade que não tem acesso devido à educação de qualidade.


Apesar da represália, o movimento da cultura livre atinge também outras áreas do conhecimento, como é o caso da informática. Uira Porã contou que, ainda na década de 80, um programador nos Estados Unidos criou softwares livres. Dessa forma, os programas de computador, antes monopolizados por empresas, puderam ser distribuídos gratuitamente. A idéia era fazer com que os programadores pudessem trocar experiências e adquirir conhecimento uns com os outros, produzindo, assim, a chamada “inteligência coletiva”.


Philipe e Uira Porã apresentaram ainda os trabalhos do cartunista Carlos Latuff, conhecido internacionalmente pelos desenhos criativos e por disponibilizar suas obras gratuitamente. Segundo Lattuf, ele não é o dono da obra, é apenas o autor. O cartunista é declaradamente adepto do movimento cultura livre. Para ele, a questão é inovar a forma de difundir o que se produz, sem controlar a informação.


Assim cresce o movimento Cultura Livre, seja na comunicação, na informática, na cultura. São desafios, planos, sonhos, desejo de compartilhar, de crescer junto. Tudo isso na busca de um mundo melhor, mais justo, mais humano.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Educação para a transparência

O último convidado do ciclo de palestras da disciplina Cobertura da Agenda Social foi o Prof. Alberto Teixeira, Economista graduado pela Universidade Federal do Ceará, um dos fundadores da EFG (Escola de Formação de Governantes) e um ativista árduo da transparência política.

Foi justamente pela EFG que ele começou seu discurso, uma Escola, e ele fez questão de frisar que não se trata de mais uma Faculdade, mas de uma Escola mesmo, cujo objetivo seria formar governantes para o País. Uma escola que escolhe seus “alunos” não pelo currículo escolar, mas pela atividade social e política que exerce ou deseja exercer. Ainda segundo o professor, essa estratégia é uma maneira de incluir pessoas que de outro modo não teriam acesso a uma formação e colocá-las em contato com outras, que se julgam já formadas em algum campo educacional.

A justificativa para a manutenção da escola é o Analfabetismo político dos governantes brasileiros que, na opinião do Professor, é o responsável por boa parte dos problemas sociais no Brasil.

Um desses problemas é a percepção do coletivo. Existe uma confusão entre o público com o estatal, tanto os governantes quanto a população de modo geral compreende a coisa pública como sendo uma coisa do governo quando, na verdade, é de todos. Outro problema do setor público é a partilha, onde todos deveriam pensar no objetivo coletivo, cada um pensa, e age, de acordo com interesses individuais.

Teixeira acredita que a solução está na capacitação técnica-política das pessoas, na formação ética, sempre procurando a generalização em vez da especialização, desenvolvendo a visão sistêmica, a educação integral do povo, a democracia participativa.

Para o professor, essa percepção deturpada do interesse coletivo é a causadora também do problema da transparência, ou da ausência de transparência, melhor dizendo, que atinge não só o setor público, mas também as ONGs. Estas últimas ainda estariam ainda menos distantes de resolver o problema do que o próprio setor público, uma vez que são menos estáveis.

É necessário conscientizar as pessoas envolvidas com os interesses coletivos que faz parte da sua obrigação a prestação de contas e a divulgação dos resultados ao conhecimento público. É necessário mudar a visão atual da sociedade, que se encabula em perguntar, e dos governantes, que se ofendem em ter que responder sobre a transparência administrativa dos recursos sociais e/ou coletivos.

Os governos não levam a transparência a sério, mas a sociedade também não.

Links úteis: http://www.efg.org.br/

Livre de quê?

Sempre que ouço depoimentos ou converso com pessoas envolvidas com qualquer tipo de movimento social fico com a sensação de que são extremistas. Foi o que aconteceu quando comecei a ouvir Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia falando sobre Cultura Livre.

Inclusive, como já tínhamos conversado na disciplina em outros momentos, esse comportamento parece ser perfeitamente explicável do ponto de vista de Lênin e sua teoria da curvatura da vara, que diz que “Se uma vara está torta ela fica curva de um lado e se você quiser endireitá-la, não basta colocá-la na posição correta. É preciso curvá-la para o lado oposto.” Lênin (Althusser, 1977: 136-38).

Ao longo da conversa algumas impressões foram desconstruídas e outras reconstruídas, mas eu diria que a maior contribuição que os dois rapazes deram foi despertar uma inquietação pessoal sobre o que é essa cultura livre de que tanto falam. O que parece não ser tão fácil definir, de acordo com a conversa e com pesquisas posteriores.

Ao escutar termos como “mídia gorda”, ao assistir ao depoimento de Carlos Latuff e Tiago Jucá e o engraçado desenho animado sobre a casa do Bill Gates identifico as mesmas características identificáveis no discurso da maioria das pessoas envolvidas em movimentos sociais: uma certeza de que estão do lado certo enquanto os não envolvidos estão do lado errado ou, no mínimo, estão indiferentes às questões sociais.

Talvez seja verdade, talvez não. Essa dúvida me ocorre porque vejo o discurso sobre cultura livre ainda indefinido. Enquanto alguns definem a cultura livre como uma cultura onde não se deveria seguir as regras, outros definem justamente como o contrário.

No livro Cultura Livre - como a mídia usa a tecnologia e a lei para barrar a criação cultural e controlar a criatividade , Lawrence Lessig define: “Uma cultura livre não é uma cultura sem propriedade, da mesma forma que um mercado livre não é um mercado aonde tudo é liberado. O oposto de uma cultura livre é uma “cultura da permissão” — uma cultura na qual os criadores podem criar apenas com a permissão dos poderosos ou dos criadores do passado. (...) Uma cultura livre não é uma cultura sem propriedades; não é uma cultura aonde os artistas não são pagos. Uma cultura sem propriedades, aonde os artistas não são pagos, é uma anarquia, não liberdade.” (p.16-17)

O discurso de Lessig vai ao encontro do que os dois palestrantes falaram sobre essa confusão entre ser livre e ser grátis. Provavelmente os rapazes tenham uma visão mais acadêmica do termo pela sua proximidade com o campo ou pelo seu contato árduo com a internet, software livre etc. Mas ficou o questionamento: será que todos os envolvidos com a cultura livre no sentido Geral, em todos os níveis têm essa mesma visão?

Segundo os palestrantes, algumas das características gerais da Cultura Livre seria o acesso irrestrito à informação e o direito irrestrito à produção dessa informação, mas será que a nossa sociedade está preparada para lidar com tanta liberdade? Me parece que nós ainda precisamos saber “quem disse” ou fez para dar crédito ou não ao que ouvimos ou vemos.

Mas ao escutar o discurso tão dialógico, sobre direitos autorais e right commons, autoria e propriedade, liberdade e gratuidade, inteligência coletiva, trabalho colaborativo, percebe-se que trata-se de um campo promissor e em franca expansão do ponto de vista social e, principalmente, sociológico.


O Livro Cultura Livre - como a mídia usa a tecnologia e a lei para barrar a criação cultural e controlar a criatividade, de Lawrence Lessig, está disponível em http://www.rau-tu.unicamp.br/nou-rau/softwarelivre/document/?view=144

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Líderes sociais

No último dia 13 de novembro a turma da disciplina Cobertura da Agenda Social da UFC recebeu a visita de Alberto Teixeira para a discussão do tema “As relações entre Estado e Sociedade”. Teixeira é o idealizador da instituição Escola de Formação de Governantes, um centro de educacional voltado para a capacitação de líderes que possam melhorar a relação de entidades, públicas ou privadas, com a sociedade civil. Teixeira, que conta com uma larga experiência do 1º ao 3º setor, relatou sua vivência e as dificuldades de se manter um canal de comunicação aberto e democrático entre as extremidades do Estado - governo e sociedade civil. Daí a necessidade, segundo ele, da existência da escola.

É inquestionável a importância de uma instituição que contribua para a sedimentação de uma nova cultura de administração pública. Contudo, a maior transformação de postura de nossos lideres deve vir de uma iniciativa firme e concisa da sociedade como um todo.

O que tenho observado no discurso da grande maioria dos visitantes desta disciplina é a importância dada à informação. A informação como a maior ferramenta de luta para a sociedade. E, talvez, essa educação diferenciada dada a lideranças pudesse ser mais bem aproveitada se proporcionada a grande maioria da população. Talvez, paralelamente, enquanto se ensina um futuro secretário de governo, possa se ensinar também a uma dona de casa uma disciplina explicando o que é corrupção, suas formas de prática e como combatê-la.

Livre acesso

A disciplina de Cobertura da Agenda Social, prosseguindo com sua série de visitas, recebeu dois bons representantes do tema cultura livre, Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia. Ambos, apesar da pouca idade, já contam com uma larga experiência nas áreas de tecnologia e comunicação em movimentos sociais.

A conversa com os visitantes começa com a apresentação de um vídeo de uma rádio livre, instalada embaixo de uma caixa d´água, na cidade de Campinas, em São Paulo. O vídeo apresenta a rádio e a forma com as pessoas que a fazem trabalham sua programação alternativa. E assim prossegue, entre rádios, tv´s, sites de internet, eles vão apresentando um mundo alternativo, voltado ao interesse público, livre de padrões editorias e comerciais. Mas então surge um questionamento. Como é possível ganhar dinheiro com um meio ou ferramenta de comunicação que não se comercializa nos moldes tradicionais?

Para explicar a todos, é mostrado o exemplo da informática, com seu mundo do software livre. Software livre é o programa de computador que tem licença livre, que no bom português significa gratuito. Ou seja, o programa é de livre acesso, sem qualquer ônus financeiro para quem quiser adquiri-lo. Todo o retorno monetário sobre o software se baseia em treinamentos, adaptações para empresas entre outros serviços. O que vale é o serviço, não o produto.

E assim foi apresentada uma alternativa, quase uma provocação. Informação e conhecimento livres, acessíveis a todos. Liberdade e informação passam a ser sinônimos.

Links interessantes:
http://www.broffice.org/
http://www.midiaindependente.org/



Cultura sem barreiras

O tema cultura livre, apesar de novo, vem despertando a curiosidade de jovens e adultos do mundo todo. Entretanto, a quantidade de pessoas que conhecem essa nova forma de “cultura” ainda é muito limitada. Quando indagadas sobre o assunto, muitas pessoas não sabem responder ou associam à internet. Em parte, estão certas. Mas afinal, o que é cultura livre?

Cultura livre é um movimento, criativo, para difusão de idéias, conhecimentos e cultura e para democratização da informação, através do acesso livre, eficiente e inclusivo. E a internet, por ser um espaço global, econômico e livre, acabou tornando-se um dos principais meios de propagação e difusão da cultura livre. Um exemplo interessante pode ser visto no site Cultura Livre (http://www.culturalivre.org.br), que desenvolve um projeto em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas e o Link Centre da África do Sul.

O Cultura Livre tem por objetivos permitir a compreensão do impacto da Propriedade Intelectual para o desenvolvimento, para a mídia e para a cultura. A fim de articular a “sociedade civil nacional e internacional em defesa da emancipação cultural e do acesso a bens e produtos culturais, no intento de rearranjar o equilíbrio entre interesses do Poder Público, da inciativa privada e da Sociedade Civil, particularmente nos países em desenvolvimento”.

No jornalismo, a preocupação com a difusão da informação de forma ampla já pode ser percebida nas páginas online dos jornais, que disponibilizam suas edições impressas na integra e sem nenhum custo. O site Centro de Mídia Independente (http://www.midiaindependente.org) é exemplo de comunicação aberta e democrática. Nele, são postadas matérias escritas por colaboradores de todos os Estados brasileiros, que escrevem sobre temas marginalizados pela grande mídia, como os movimentos de cunho social.

Conte comigo, fique comigo



Esse comercial da APAE, para mim, é duplamente emocionante. Primeiro, ao ver como uma organização como essa faz um trabalho belíssimo por todo o Brasil. Segundo, por ter como fundo uma letra que representa realmente o espírito da associação.

Confira a tradução de "Stand By Me - John Lennon":

Quando a noite tiver chegado
E a terra estiver escura,
E a lua for a única luz que veremos,
Não, eu não terei medo
Não, eu não terei medo
Desde que você fique
Fique comigo

Refrão:
Então querida, querida,
Fique comigo
Oh, fique comigo,
Oh, fique
Fique comigo,
Fique comigo...

Se o céu que vemos lá em cima
Desabar e cair
Ou as montanhas desmoronarem no mar
Eu não chorarei, eu não chorarei
Não, eu não derramarei uma lágrima,
Desde que você fique
Fique comigo

Quando você estiver com problemas, você não contará comigo?
Oh, conte comigo
Oh, você não ficará agora?
Conte comigo


...

Por mais que a letra se dirija à Yoko Ono, a canção traz uma mensagem especial de companheirismo, de união, de compromisso e, acima de tudo, de amor. E não tem outra palavra, a não ser o amor, que defina o que senti nos olhos de Maria Lúcia Barbosa, que juntamente com Tetê Picanço, participou de uma das aulas de Cobertura da Agenda Social.

A luta de Maria Lúcia (também é o nome da minha mãe) à frente da organização é digna de ser evidenciada neste post. Não esqueço do discurso emocionado ao falar das conquistas em prol dos direitos das pessoas com deficiência em meados de 80. Uma demosntração de cidadania, com certeza.

A lembrança da campanha dos tijolos feita com amor. A participação de jornalistas nessa empreitada é lembrada com carinho. Sentimento diferente. Foi a primeira vez que vi entre os nossos entrevistados um tom mais otimista quanto ao mundo em que vivemos. Um olhar mais positivo, menos carregado de crítica, que é necessária, mas que às vezes é carregada de rancor.

A APAE é uma mostra que todos que se encontram sob o eixo inviolável da humanidade podem dar a sua contribuição, independentemente da condição social. Se pertence a grupo "A" ou "B", não importa. Ela podeira falar que jornalistas não sabem tratar o tema na mídia. Poderia falar que pertencemos a grupos que só pensam em lucrar. Mas, não falou. Preferiu comentar a boa ação pessoas como nós, que trabalhavam em um grupo como "O Povo" e que fizeram a sua parte.

Maria Lúcia me passou uma imagem de otimismo, apesar das dificuldades. Por que temer o mundo? Por que achar que ele é tão severo e tão desigual? Por que temer se não temos o dinheiros dos funcionários? Como já dizia John Lennon, em outra canção, "Podemos dar um jeito, com a pequena ajuda dos nossos amigos".

E é de amigos que é feita a associação. Não apenas no nome. É desse sentimento livre do egoísmo que APAE se monta, pautada sempre na igualdade e na valorização da participação familiar. Um entidade que realmente deve ser louvada.

Cultura livre: inteligência coletiva

O encontro da aula passada contou com a participação dos colaboradores Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia. Não vou me ater aqui ao que eles são formados, ou em que e onde trabalham. O importante mesmo é a mensagem que trouxeram de um movimento que cada vez ganha mais forma e vez no mundo: a cultura livre.


Um discurso um tanto quanto preconceituoso com o jornalismo da grande mídia é verdade. Mas, as palavras de Philipe Ribeiro, embora carregadas de uma “revoltazinha” com jornalistas que não sabem fazer matérias em conflitos entre estudantes e prefeituras (brincadeira), nos remete a um movimento em que muitas pessoas estão imersas, mas que não fazem nem idéia.


Pergunte a qualquer um que trabalha com internet se o “clássico” IE (Internet Explorer) é melhor que “Mozilla Firefox”. A resposta, quase sempre antecedida de um “é claro”, vai direto para a segunda opção. E por que vários programas, como por exemplo, o “Mozilla”, tem superado os clássicos pacotes da “Microsoft” e de outras grandes indústrias da computação?


A resposta é simples, e os nossos colegas, que vieram especialmente para a discussão do tema em sala de aula, nos ajudaram a responder. Um software livre (opensource), por exemplo, possui um código aberto, que permite usuários de qualquer parte do mundo ter a liberdade de modificar aquele programa, tornado mais fácil o seu aperfeiçoamento.


É uma idéia relativamente nova. Teve seu nascedouro na década de 80, quando um desses pequenos gênios da história se irritou com uma marca de impressoras - que não liberou código de um programa para ele – e resolveu criar programa e disponibilizar código para todo mundo. Só para título de informação, esse cidadão se chama Richard Stallman.


Achei interessante quando Philipe Ribeiro falou da cultura livre, dessa vez de maneira geral, não apenas limitando-se ao software livre, como forma de uma inteligência coletiva, que não tem dono, não tem controle, nem deseja tê-los.

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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Inclusão no Mercado de Trabalho

Darlano Dídimo

Promover a inclusão social de pessoas com deficiência mental. Esse é o principal objetivo da Apae, Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais. Na sétima palestra que tivemos na disciplina contamos com a presença da vice-presidente da Associação de Fortaleza, Maria Lúcia Barbosa. Ela estava acompanhada da também voluntária Terezinha Gomes Cavalcante.
Dentre os diversos trabalhos promovidos pela Apae da capital cearense está o de inserção dos deficientes no mercado de trabalho. Através de oficinas, como de informática, de corte e costura e de carpintaria, os alunos são preparados e treinados para fazerem “bonito” nos futuros empregos. Um vídeo exibido mostrou o quanto essa iniciativa parece estar dando certo.
Mas o grande questionamento a ser feito é: as empresas que contratam pessoas com deficiência têm uma boa índole ou apenas estão procurando respeitar a lei? De acordo com Lei de Cotas para Portadores com Deficiência (nome que já está em desuso), empresas com cem ou mais empregados estão obrigadas a preencher de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência.
Nos últimos anos, se tornou cada vez mais comum vermos deficientes mentais ou físicos com um crachá no peito representando alguma marca. Mas o que percebemos é que a escolha deles passa por um processo seletivo no mínimo desconfiável. Aqueles com capacidade mental privilegiada e sem limitações físicas parecem ser os preferidos, já que podem realizar as funções a que são determinados com menos dificuldades. Com isso, notamos que não se encara a proposta da lei da maneira adequada, mas procura-se apenas cumpri-la de uma forma antiética. Estaria a inclusão realmente acontecendo?
Com certeza, existem exceções ao que parece ser a regra. Cabe ao Governo e a essas Associações, entre elas a Apae, fiscalizar minuciosamente esse processo, porque infelizmente, não vivemos em uma sociedade que prioriza o bem ao próximo, mas sim, o dinheiro mais próximo. Por isso, invistamos na qualificação das pessoas com deficiência do nosso país, ofereçamos cursos para que elas se preparem, insiramo-las no mercado de trabalho e fiquemos “de olho” nesse processo de inclusão.

sábado, 15 de novembro de 2008

Um sonho excepcional

Imagine uma sociedade em que todas as pessoas convivem hamoniosa e naturalmente e são vistas da mesma maneira, mesmo aquelas que possuem alguma limitação perceptível. Nessa sociedade, o espaço urbano tem ruas adaptadas com rampas e prédios com elevadores. As empresas nessa sociedade contratam pessoas com deficiências sem preconceito. As escolas dessa sociedade respeitam as diferenças e têm professores preparados para atender a todos os tipos de alunos, inclusive os chamados “especiais”. Nessa sociedade, as pessoas excepcionais e aquelas com qualquer deficiência convivem com as pessoas ditas “normais” sem dificuldades.

Se para a maioria das pessoas é difícil imaginar uma sociedade assim, imagine acreditar na possibilidade de construir uma sociedade assim. Se para a maioria das pessoas é difícil acreditar nessa possibilidade, para Maria Luíza, da APAE Fortaleza, não é. Ela, que é uma das fundadoras da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Fortaleza, fala convicta sobre o sonho de construir essa sociedade.

Maria Luiza se emociona ao contar a história da APAE Fortaleza, que mistura dificuldades, superação e conquistas, da instituição, dos pais e amigos dos excepcionais e dos próprios excepcionais. Fala com orgulho de sua própria luta pela causa social e dos planos e projetos da instituição que dá suporte a crianças com limitações intelectuais leves e suas famílias.
A conversa promovida pela disciplina Cobertura da Agenda Social foi esclarecedora e serviu para nos mostrar que há instituições e pessoas que levam o trabalho social muito a sério e que, acima de tudo, há espaços livres do preconceito que discutimos apenas quando somos chamados a discutir o assunto.

O testemunho de Maria Luiza serviu principalmente para mostrar que não há causa social isolada e só luta pelas pequenas mudanças aqueles que acreditam nas grandes mudanças; que a causa social ainda é de interesse quase exclusivo das pessoas que lidam diretamente com uma pessoa excepcional ou com alguma deficiência, entretanto, aqueles que não lidam têm muito a contribuir.