sábado, 11 de outubro de 2008

Luz, câmera, educação!

Aline Paiva


Foi em 1997, em um curso promovido para educadores, que surgiu a idéia de criar uma ONG que tivesse como objeto de preocupação os direitos humanos, com ênfase nos direitos de crianças e adolescentes, mas só um ano depois surgiu de fato a Encine, tema da nossa conversa com Ives Albuquerque e Lucas Vieira.

A Encine tem como proposta levar jovens, principalmente de escolas públicas, a refletir sobre a realidade em que vivem e partilhar esta subjetividade com outros jovens através do uso das TIC’s, tecnologias de informação e comunicação, ou, em outras palavras, vídeo, fotografia, rádio e outras mídias. A idéia ganhou força e já não era mais suficiente produzir só por produzir. Para colocar em prática a idéia de comunicar amplamente, surgiu o Megafone!, programa que começou a ser transmitido desde 2002 pela TVC e que é resultado do trabalho dos jovens, que discutem pauta, pesquisam o tema, contatam entrevistados, produzem e editam o programa com a ajuda de alguns profissionais.

Este trabalho nasce nas escolas, através dos LACES – Laboratórios de Comunicação Educativa -, onde os jovens tem contatos com as tecnologias e começam a produzir seus vídeos. Após os cursos, eles já são ARCOS – Arte Comunicadores Sociais -, e alguns deles chegam a produção do programa. Durante todo esse tempo é priorizado o uso de softwares livres e a abordagem de temas de relevância social.

Pelos comentários de Lucas, jovem que passou por esse processo e hoje compõe a equipe que produz o Megafone!, percebe-se como essa experiência enriquece e sensibiliza que participa dela. Estar na ponta que transmite informações para a sociedade e é reconhecida por isso transforma vidas e muda a maneira de quem participa de perceber seu lugar no mundo. As provas do sucesso não demoraram a aparecer: o Megafone! ganhou o Prêmio Escola Viva 2007, o Prêmio Itaú/UNICEF 2007, o Selo de Programa Especialmente Recomendado para Crianças e Adolescentes 2006 (Ministério da Justiça), sendo o único do Nordeste entre os 5 programas que foram contemplados nacionalmente, e apresenta audiência média de 3 p.p, o que representa uma audiência de 24 mil pessoas.

O outro lado da militância do MST

Aline Paiva


A fala de Joyce Ramos para os alunos da disciplina de Cobertura da Agenda Social trouxe para a sala de aula um pouco da polêmica e dos posicionamentos extremados que o assunto desperta. Militante do MST desde os 15 anos e há 11 no movimento, ela ocupa atualmente um cargo na secretaria de comunicação e juventude e foi de forma apaixonada que abraçou a causa da luta pela terra.

Tivemos a oportunidade de conhecer um MST diferente do que é mostrado na grande mídia do nosso país. Ao invés de falar dos “saqueadores”, “invasores”, “baderneiros”, e “oportunistas”, que aparecem nos jornais e telejornais armados, invadindo propriedades aleatoriamente e de forma violenta, Joyce nos apresentou um movimento de homens, mulheres, idosos e crianças que reivindicam o direito a trabalhar a terra e assim oferecer condições de vida digna a mais pessoas.

Vimos um grupo que planeja suas ações, visita a comunidade para entender as condições de trabalho do local, busca informações sobre as propriedades antecipadamente, verifica se algo é produzido nelas, se as leis trabalhistas e a Constituição são respeitadas naquela fazenda, promove diversas reuniões de diagnóstico e levantamento das famílias que não possuem terra e conscientização sobre o processo, planeja como acontecerá a ocupação do local, realiza, através de seu advogado, o pedido de liberação da área para Reforma Agrária e resiste até que seja atendido pelo INCRA.

Todo esse processo é transmitido para a sociedade de forma recortada, parcial, omitindo detalhes importantes, como a indenização que o fazendeiro recebe do INCRA, gerando assim um posicionamento da sociedade que marginaliza e rotula os militantes.

Logicamente a fala da convidada sofre forte influência de todos os seus anos de contato com o movimento, mas saber como é este outro lado da moeda serve como um precioso alerta para que tenhamos o cuidado de conversar com todos os envolvidos antes de publicar qualquer coisa. Aquela velha regra de ouvir fontes dos dois lados da questão mostra-se fundamental em casos como este e garante um resultado muito mais justo e responsável.

O luta por uma educação inclusiva

O luta por uma educação inclusiva

Os alunos com deficiência não são muitos e representam menos de 1% do total de matriculados na rede de ensino municipal, mas é uma demonstração de que a educação inclusiva está começando na prática.
Aos poucos as portas das escolas estão se abrindo para receber meninos e meninas com problemas de surdez, cegos, com baixa visão, com síndrome de Down, paralisia cerebral e outras deficiências.Keila Leite Chaves, do Centro de Apoio a Mães de Portadores de Eficiência (Campi), ressalta que os primeiros passos foram dados, mas precisa avançar mais. Segundo ela, o despreparo das famílias também é um obstáculo. "Muitas mães desconhecem os direitos e no primeiro empecilho desistem de buscar a vaga".
A própria Keila também nos contou seu relato pessoal de luta para poder dar ao seu filho uma educação inclusiva, ela nos relatou que recebeu diversos vezes não das escolas em que tentava matricular seu filho e que só veio a saber que nenhum escola pode negar matrícula a nenhum deficiente quando leu a carta de Salamanca que versa sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais.
E com base na declaração que leu Keila passou a ter base e conhecimento para exigir o cumprimento do direito dos deficientes de acesso à uma educação inclusão e não há uma educação exclusiva que até então se praticava.
Em 2003 Keila junto com outras mães que também passaram por problemas para matricular seus filhos em escola da rede municipal de Fortaleza juntaram-se e fundaram o CAMPE, a partir daquele momento decidiram organizar uma manifestação no terminal da Parangaba para reivindicar o direito de seus filhos. Durante a manifestação, distribuíram panfletos improvisados contendo a lei que garantia a vaga para portadores de necessidades especiais nas escolas públicas para que outras mães assim como elas ficassem cientes do direitos que lhes é assistido de uma educação inclusiva.
O Campe é a única Associação de Fortaleza que luta exclusivamente pela garantia dos direitos de crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais. Ele participa de fóruns de discussão sobre a implantação de políticas públicas na área de saúde e educação, além de atuar junto à rede de monitoramento do orçamento, ou seja, não é uma instituição assistencialista.
Apesar de todas as batalhas vencidas a Guerra ainda continua para garantir às pessoas com deficiência uma melhor educação inclusiva de qualidade e acesso aos especialistas das áreas médicas que eles tanto necessitam para complementar seus tratamentos.
Só mesmo o amor de mãe para quebrar tantas barreiras.

Alexandrina Oliveira

Infância e Adolescência na Mídia



No ano em que o ECA completa 18 anos, constamos que grande parte da população ainda o desconhece e não o entende bem, a mídia como difusora de conhecimento tem o dever de levar aos cidadãos abordagens do tema, porém o que se vê a um modo geral nas matérias que versam sobre infância e adolescência que há a predominância de algumas temáticas como violência e educação e outras temáticas ficam relegadas com migrações e deficiência.
É lógico que houve uma melhora na cobertura dos assuntos ligados à infância e juventude, mas ainda está longe de ser o ideal através de trabalhos de pesquisa a ONG Catavento identificou que atualmente há um maior equilíbrio entre as fontes governamentais e não-governamentais, o que já pode ser considerado uma vitória.
A jornalista Taciana Campos, membro da ONG Catavento filiada a Rede ANDI nos falou um pouco de como foram as comemorações dos 18 anos do ECA no Ceará através dos nossos principais jornais impressoras. Segundo Campos, o Jornal O Povo foi o que melhor abordou o tema, pois criou um caderno especial para a comemoração, já o Diário do Nordeste fez entrevistas com traçando o panorama entre os direitos e dos deveres do Eca para com a sociedade, matérias essas do Diário que ocuparam duas páginas e quanto ao jornal O Estado Taciana diz que eles fizeram uma cobertura apenas baseados nos releases enviados pela assessoria da Catavento.
Visivelmente houve um avanço na cobertura da criança e do adolescente na mídia, visto que hoje temos no Estado um número considerável de JACAS (jornalista amigo da criança e do adolescente). E no meio da difusão sonora a Catavento organizou Rede de Radialistas Amigos e Amigas da Infância, que no início contava com apenas 30 radialistas e hoje conta com 294 radialistas nos estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte que muito contribuem para a disseminação dos os assuntos relacionados à infância.

Alexandrina Oliveira

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

Militantes sem- terra: anjos ou demônios?

A disciplina de Cobertura da Agenda Social contemplou os alunos com um tema que sempre gera polêmica e opiniões divididas “A luta pela terra” e inicialmente o ciclo de debates sobre o tema trouxe a militante Joyce Ramos, integrante do setor de Comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Joyce que é da cidade de Baturité inicial suas atividades junto ao MST quando tinha apenas 15 anos de idade e participada da Pastoral da Juventude na igreja da comunidade rural onde vivia a jovem se apaixonou pelos ideais do movimento e daí se vai 11 anos que ela dedica à causa.
Incrível ver a paixão nos olhos de Joyce pela causa que defende, é admirável, mesmo carregado de utopia, porém assim como a paixão que a militante demonstra ao movimento também vemos em membros de nossa sociedade o sentimento contrário, o ódio e a repulsa à causa e tudo que ela representa.
Quando tratamos do MST é como se não existisse um meio-termo podemos dizer que há extremismos dos dois lados. E aqueles cidadãos comuns e urbanos que não possuem nenhum tipo de ligação com a causa ficam em meio a um fogo cruzado muitas vezes sem saber em quem acreditar.
De um lado há a demonização do movimento acusando-os de violentos invasores, vagabundos, destruidores de propriedade privada, massa de manobra, corja de espertalhões e toda infinidade de termos pejorativos. Do outro lado a resposta dos militantes de que o que move MST é o desejo pela transformação social, que a luta dos sem-terra não é apenas por terra e sim por uma reforma agrária justa, para que haja um mundo mais digno e igual para todos.
E ficamos nessa gangorra de ideais entre proprietários rurais, mídia, governo, militância e população em geral. Logicamente cada pessoa tenderá ao lado que lhe seja conveniente.
Talvez o que muitos esperavam do movimento fosse algo próximo a uma satyagraha como a de Gandhi, mas o que muitas vezes a mídia nos veícula é que o princípio utilizado é o do Princípe de Maquiavel onde os fins justificam os meios.
O ideal é todos tenham a oportunidade de ver os dois lados do movimento para terem suas próprias conclusões.


Alexandrina Oliveira.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O falso MST da mídia

A sigla MST desperta diversas reações, principalmente extremadas, ou seja, elas costumam defender ou o condenar o significado idealista que essas três letras carregam, mas raramente alguém se mantém isento sobre o tema. Os que tratam negativamente o Movimento dos Sem Terra são influenciados, na maioria das vezes, pela mídia, que adora se vangloriar ao se caracterizar como isenta. São privilegiados aqueles que tem a oportunidade de ter um contato direto com alguém do movimento, e foi isso que aconteceu durante a nossa quinta palestra. A integrante do MST Joyce Ramos foi a convidada dessa vez.
Joyce faz parte do setor de comunicação do movimento e, durante a nossa conversa, esclareceu inúmeras dúvidas que mesmo alunos de comunicação social da UFC, que se dizem longe da alienação, possuem. Ela primeiramente contou a história de luta do MST: como nasceu, com que propósitos, como aconteceram as primeiras ocupações e etc. Joyce evitou falar de sua vida pessoal e de seu envolvimento com a causa citada. Talvez não fosse o seu objetivo. Talvez sua principal meta fosse relatar sobre o que diariamente ela e todos os seus companheiros sonham para a sociedade brasileira e como eles costumam atuar.
Os principais críticos do MST adoram ressaltar o caráter violento que ele possui, e de que é de total ilegalidade, e de uma injustiça sem tamanho, ocupar uma terra que já tem dono. Militantes de foice e enxadas na mão destruindo fazendas e casas. Essas são as principais imagens mostradas pelos meios de comunicação sobre o movimento. Mas o Movimento dos Sem Terra definitivamente não é isso.
Joyce nos mostrou que se trata apenas de uma visão de um mundo mais justo, onde todos teriam oportunidades, onde pudessem escolher e ter acesso a tudo que lhes é necessário e de direito. E eles procuram proporcionar isso para alguns trabalhadores. Claro, que para alcançar o objetivo, o qual pode demorar consideravelmente, é preciso luta. As ocupações acontecem. Mas elas não tomam terra de ninguém, apenas aquelas que lhes é de direito, as improdutivas. Já em relação a violência, ela é conseqüência de uma reação igualmente violenta dos “proprietários” e sua milícia. As enxadas e foices estão ali porque, afinal, são agricultores.
O único esclarecimento que precisa ser dado não é por parte de Joyce, mas dos meios de comunicação. Porque “demonizar” tanto um movimento que visa o melhor para a população, por mais que eles possuam um método discutível? Seria isso medo? Por parte de quem exatamente? O que incomoda tanto?
O fato é que a isenção jornalística com o MST quase não existe (para ter uma visão otimista). Então para sair dessa ignorância do dia-a-dia é preciso um pouco de sorte e de acesso à informação, como tivemos durante esta palestra. É lamentável que apenas poucos vão ter essa oportunidade.

Agora é a vez da luta pela terra!

Por Gabriela Meneses

Após vários encontros com entidades ligadas à luta pelos direitos da criança e do adolescente, nossa Agenda Social da última quinta-feira, dia 2 de outubro de 2008, pautou a questão da terra. A convidada foi Joyce Ramos, integrante do setor de Comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. A militante, que há 11 anos faz parte do movimento, explanou muito bem as histórias, as lutas e as linhas políticas que mobilizam o MST.

O movimento surgiu há 25 anos, no final do período da Ditadura Militar. No entanto, suas origens remontam às antigas Ligas Camponesas, organizações que reuniam camponeses, em torno da luta por melhores condições de trabalho no campo. As Ligas tiveram uma atuação bem expressiva na região Nordeste, porém foram extintas durante o governo antidemocrático dos militares.

Com a modernização da agricultura e, conseqüentemente, o avanço do êxodo rural, os agricultores ficaram sem perspectivas de melhores condições de vida. Faltava oportunidade de trabalho nos campos e nas cidades. Assim, no final da década de 70, os sindicatos rurais começaram a se organizar novamente e atuar regionalmente, defendendo os direitos do cidadão do campo.

Com o passar do tempo, as lutas regionais passaram a formar um grande movimento nacional. Então, em 1979, houve a primeira ocupação do MST, na época chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais, coordenada pela CPT (Comissão Pastoral da Terra). A ocupação foi no Rio Grande do Sul, local onde havia uma concentração maior de famílias expulsas do campo.

Joyce explicou que a partir dessa primeira ocupação, o MST começou a delinear seu perfil político como movimento social de luta pela terra. Ela conta que, no início, a base social do movimento eram trabalhadores sem-terra - pequenos proprietários, assalariados rurais, posseiros, meeiros - porém, hoje em dia, qualquer pessoa, que seja da classe trabalhadora, pode fazer parte do MST.

Joyce diz que o movimento não luta apenas pela terra, o movimento quer mudanças na estrutura fundiária do país. Para isso é preciso uma reforma agrária que, além de distribuir terras a quem precisa, tem de proporcionar condições dignas de sobrevivência para os agricultores e suas famílias. E essa conquista ainda está lenta no Brasil, pois as atenções do governo se voltam para o agronegócio, restando ao homem simples do campo, apenas medidas paliativas.

No entanto, Joyce não desanima. Ela acredita que há alternativa para esse sistema que maltrata a vida de tantos trabalhadores. E é isso que move o MST: o desejo pela transformação social. O movimento quer chegar a construir uma nova sociedade, sem desigualdades sociais. E eles mostram que isso é possível, através de experiências bem sucedidas nos assentamentos e nos acampamentos do Movimento Sem-terra.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mais que terra, dignidade!!!!

Lutar pela terra que é de todos e garantir trabalho e sustento para todas as famílias parece uma coisa simples e normal, mas não é bem assim.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mostra que a luta por coisas que parecem ser tão simples pode durar muito tempo sem muitos avanços. Joyce Ramos é da coordenação do setor de comunicação do MST e afirma que a luta do movimento não é apenas por terra e sim por uma reforma agrária justa, por um mundo mais digno e igual para todos.

O MST surgiu da necessidade de dar continuidade aos movimentos que existiam na década de 60 e foram suprimidos pela ditadura militar. A modernização da zona rural trouxe para a cidade muitos trabalhadores do campo, muitos se organizaram para lutar por sua parte nas terras, que tanto ajudaram a produzir.

O MST é mostrado muitas vezes como um movimento violento, sem causa, extremistas, mas para quem está do lado de lá a situação é bem diferente. O governo poderia ser tomado como injusto por não saber dividir a terra de um país, a polícia poderia ser violenta quando arma cercos para tentar calar a voz do movimento, sem causa poderia ser visto um grande proprietário que não aceita dividir terras até mesmo improdutivas....Mas, quem poderá mostrar o outro lado? Quem deseja ouvir? Não nos custa procurar enxergar o que está ai pra todo mundo ver, basta abrir os olhos.

Reforma Agrária: utopia ou realidade?

Por Lívia Nunes

Ao longo dos 25 anos de luta pela terra, o Movimento dos Sem-Terra (MST) perdeu militantes e batalhas, foi discriminado e também traído. Fortalecido por essa dura realidade enfrentada, o MST vem se firmando como um movimento politizado e cheio de ideologias e sonhos. Utopias à parte, ele vem mostrando, ainda que lentamente, que a reforma agrária é uma realidade possível.

Militante há 11 anos, Joyce Ramos, que atua no setor de comunicação e juventude do MST, fala com emoção e até com certo misticismo das ocupações que já participou. “Participar dos assentamentos é uma experiência única. Você entra e sai diferente”.

Quando questionada quanto à forma de realização das ocupações, Joyce esclareceu que nada é feito ao acaso e explicou que, antes de darem início às ocupações, é feito todo um trabalho de levantamento das terras que não estão cumprindo a função social. “Toda terra que não cumpre sua função social, tem o direito de ser ocupada, enfatizou”.

Durante o bate-papo, a jovem militante lembrou que existem famílias que estão há mais de 10 anos em terras ocupadas, vivendo em baixo de lonas. De acordo com Joyce, a caminhada está à passos de ‘tartarugas deficientes’, porém a sociedade brasileira já não vê o MST com um olhar tão negativo como há 20 anos.

Para ela, isso se deve às ações do MST nas áreas de educação e saúde; nas novas parcerias estabelecidas, inclusive com a UFC, que abrirá um curso de jornalismo para os militantes, e com a UECE e no fortalecimento do movimento em 24 Estados brasileiros.

Lutando por uma ampla e efetiva reforma agrária, que mexa com a estrutura fundiária do país e dê condições de sobrevivência aos trabalhadores, o MST trava uma batalha quase isolada e árdua para mostrar que pode ser construída uma nova sociedade. “Pode parecer utopia, mas a gente quer contribuir para as outras sociedades”, afirmou com tom convicto Joyce.