sábado, 20 de setembro de 2008

INFORMAÇÃO QUE GIRA PELAS ONDAS DO RÁDIO

No começo era um programa sobre ecologia na rádio universitária. A idéia surgiu em 1991, quando um grupo estudantes de Comunicação Social da UFC. Quatro anos mais tarde, os jovens resolvem extrapolar os limites do programa e criam a ONG Catavento Comunicação e Educação Ambiental.
E em 2005, dez anos após a fundação, o grupo resolve focar as discussões em Educação e Comunicação, uma estratégia encontrada para garantir desenvolvimento humano. O trabalho da ONG é desenvolvido com as crianças e adolescentes do semi-árido.
Com a mudança de foco, o grupo de profissionais é formado basicamente por pedagogos e jornalistas, são 20 no total. Uma das profissionais é a jornalista Tarciana Campos. Durante um bate-papo com a turma da disciplina de Cobertura da Agenda Social, numa salinha do ‘puleiro’, na UFC, ela explicou como funcionam as atividades desenvolvidas na Catavento.
O programa ‘Segura essa Onda’ é uma delas. Depois de receberem capacitações com o pessoal da Catavento, os jovens das escolas do interior passam a utilizar as ondas do rádio para discutir temas que interessam a cada um deles. O meio de comunicação é uma maneira de permitir o diálogo e aproximar jovens e educadores. E a internet (www.seguraessaonda.org.br) surge como forma de possibilitar um intercâmbio de produções entre as diversas escolas envolvidas no projeto.
E como o amor da ONG é mesmo pelo rádio, eles também organizaram a Rede de Radialistas Amigos e Amigas da Infância. O grupo começou a trabalhar em 2002 com apenas 30 pessoas. Hoje já são 294 radialistas espalhados pelo Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Juntos, eles fazem um programa semanal, o Sintonia Infância, veiculado toda quarta-feira, às 13h30, na Rádio Universitária. O programa é uma maneira diferente de cobrir, em todas as regiões desses três estados, os assuntos relacionados à infância. Assuntos como deficiência, migrações, entre outros que acabam sendo deixados de lado pela grande mídia para dar espaço a temas como violência e educação, ou outros que recebem uma cobertura extremamente factual, recebem destaque no Sintonia Infância.
Por causa das coberturas especiais, a Catavento faz parte da Rede Andi (Agência de Notícias do Direito da Infância), da qual faz parte desde 2004. Assim, a ONG Catavento trabalha, no Ceará, para cumprir a missão da Rede, contribuindo para que os meios de comunicação façam uma construção diferenciada dos assuntos ligados à infância, sempre priorizando a promoção e a defesa dos direitos da criança e do adolescente. Apesar da missão ser difícil, não é impossível. Os resultados de uma mudança, mesmo que sutil, foram percebidos na cobertura que a grande mídia deu dos 18 anos de Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Ceará. As coberturas, que Tarciana fez questão de mostrar durante a conversa, ainda são muito voltadas para o factual, mas já trazem uma linguagem diferenciada, reflexo de cursos direcionados ao assunto nas redações e na universidade. E sinal de que ainda é possível continuar melhorando a cobertura social.

Por Pamela Lemos

MEGAfone

Do Grego: mégas, grande + phoné, voz.
Substantivo masculino, espécie de porta-voz, também denominado altifalante; instrumento para ampliar e direcionar o som.
Descrição que tem tudo a ver com o trabalho desenvolvido pela turma do Projeto Megafone. A idéia surgiu do trabalho desenvolvido pela Encine, ONG que iniciou suas ações em 1999 com cursos que pretendiam possibilitar que jovens de baixa renda fizessem arte por meio de vídeos, fotografias e, com isso, pudessem refletir um pouco sobre a realidade vivida por eles.
O que era apenas um curso com começo-meio-fim, acabou se transformando em um grande projeto que já atendeu centenas de jovens cearenses. Ao longo do tempo, o grupo de orientadores e oficineiros, coordenados por Ives Albuquerque, teve a idéia de criar um ambiente onde os conhecimentos técnicos aprendidos pelos jovens pudessem ser praticados.
Nascia assim o Megafone. Uma alternativa de aqueles jovens terem sua voz escutada por milhares de pessoas. Era a maneira de expressar a voz direta dos jovens, sem intermediários, e estereótipos. Um projeto que se organizou para produzir para um programa de televisão em canal aberto e nele ser reconhecido como forma de pensar sobre a sociedade.
Então, em maio de 2002, a Encine levou a proposta para a TVC (televisão pública do Ceará), que em agosto abriu um horário na sua grade para um programa de 30 minutos sobre o mundo jovem e feito pelos jovens da ONG. Era a concretização do sonho ampliar a voz do jovem para além da comunidade, da escola, de casa.
De lá pra cá, já foram veiculados mais 100 programas que, atualmente, já estão disponíveis via internet. Os temas são bem variados e possibilitam uma interação entre jovens das escolas públicas e das universidades, num intercâmbio constante de conhecimento.
Lucas Vieira, 18 anos, é um dos jovens envolvidos no Megafone. Como já está há dois anos no projeto, em pouco tempo deve seguir outros rumos, que, com toda certeza, será influenciado pelo trabalho desenvolvido no Megafone, que mudou a maneira dele enxergar o mundo.
Jornalista? Talvez sim.Cientista Social? Quem sabe... Uma coisa é certa: ele já sabe como fazer o pensamento dele ultrapassar fronteiras através de um megafone.
Por Pamela Lemos

DE LÁ PRA CÁ, MUITA COISA MUDOU...

...mas tem gente que ainda teima em usar as mesmas as palavras!

A Segunda Guerra Mundial acabou e com seu fim surgiu a necessidade de cuidar das crianças vítimas desse grande conflito sangrento. Desamparo familiar, fome, doença, morte. Os futuros cidadãos do mundo estavam em perigo e como uma forma de ‘salvar’ esses meninos e meninas surgiu, em 1946, o Fundo de Emergência da Organização das Nações Unidas (ONU).
Quatro anos mais tarde, a ONU percebeu a necessidade expandir o serviço para outros países em desenvolvimento e, em 1953, acabou por tornar o fundo permanente. Foi então criado o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, baseado na convenção dos direitos das crianças e adolescentes.
No Brasil, o UNICEF tem 58 anos de atuação. Durante essas quase seis décadas, tem conquistado espaço na mídia nacional. Em Fortaleza, o trabalho com a imprensa é acompanhado de perto pela Oficial de Comunicação do UNICEF, Ana Márcia Diógenes, responsável não só pelas atividades desenvolvidas no Ceará, mas também no Rio Grande do Norte e no Piauí.
Na região semi-árida, a cobertura dos assuntos ligados a crianças e adolescentes cresce ano a ano. De acordo com a jornalista Márcia Diógenes, de 1996 a 2004, a abordagem do tema infância cresceu 1300% no Brasil. Mas a qualidade da cobertura nem sempre estava presente nas matérias dos jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão.
Na grande mídia, não especializada, as notícias relacionadas à infância estavam, segundo a jornalista, relacionadas a temas como exploração do trabalho infantil, abuso sexual, crimes. As nomenclaturas utilizadas pelos profissionais da imprensa nem sempre eram, ou melhor, são as mais adequadas para tratar o assunto. Problemática que vem sendo solucionada com o aumento de disciplinas nas Universidades brasileiras que tratam da cobertura dos movimentos sociais. Mas e os jornalistas que já estão fora dos bancos universitários? Quanto a eles... Bom, o jeito é persistir em cursos de aprofundamento sobre o tema, além de uma boa reciclagem e muita leitura, é claro.
E nós, companheiros e companheiras, vamos atentar para os termos e deixar de usar palavras comuns no tempo da ‘Segunda Guerra Mundial’. É aproveitar essa cadeira, ou melhor, disciplina, para corrigir detalhes que parecem bobos, mas que fazem toda a diferença na cobertura da agenda social.

Por Pamela Lemos

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Comunicação e educação, ligação mais real e necessária que se imagina

Em 2007, tive uma oportunidade ímpar de expandir os meus conhecimentos, não somente na área de comunicação, mas na descoberta de novas realidades alheias ao meu dia-a-dia. Em meio a um sentimento de desafio, iniciei um estágio na Secretaria de Educação de Maracanaú. Lá, convivi com as dificuldades enfrentadas por quem é estudante da rede pública de educação e me apaixonei pela causa da comunidade escolar. Não me restou dúvidas do quanto a comunicação é importante na busca da escola ideal.

Embora as dificuldades se apresentassem no ambiente, em quase um ano que fiquei por lá descobri o quanto os estudantes de escolas públicas querem pensar e mudar a realidade, muitas vezes cruel, que os cercam. É incrível como são determinados. Um potencial surpreendente, uma energia que não encontrei nos colégios particulares em que estudei. Para eles, qualquer oportunidade vale muito. Quando têm um suporte, realmente produzem conhecimento, e nos deixam a sensação de que o mundo realmente tem jeito através da educação.

Talvez o professor nem saiba. O meu contato com a ONG Encine se deu nesse período. Em uma das escolas de Maracanaú, chamada Instituto São José, presenciei a formação de um Laboratório de Comunicação Educativa (Lace) em todas as suas fases, desde as capacitações com os professores até a parte física do laboratório. Foi uma experiência interessante. Adolescentes, se eu não me engano do 7º e 8º ano, tinham ali a oportunidade de expandir o conceito de escola e de, realmente, inverter o processo ao qual o aluno é mero repetidor de informações expostas por um professor doutrinador.

Um estímulo à autonomia e ao desenvolvimento do sentimento coletivo dos estudantes. Como o professor Ives colocou em sua exposição em sala sobre a Encine e o programa “Megafone”, o projeto que tive oportunidade de conviver diariamente, pertencente à entidade coordenada por ele, é uma forma de estabelecer uma cidadania ativa dos novos sujeitos sociais nas escolas. E como ele mesmo disse, as formas como essa cidadania se manifesta podem surgir de diversas formas.

Daí, o que sai das câmeras, computadores, microfones são apenas extensões do que realmente ocorre naquela comunidade escolar. É um conhecimento adquirido, produzido e, melhor de tudo, identificado entre os sujeitos, impossibilitando qualquer possibilidade do processo educativo ser meramente repetitivo.

Aliar comunicação à educação é extremamente benéfico para a formação da escola mais desejada. Infelizmente, o Estado não se deu conta do quanto essa associação é importante, embora parcerias com entidades, como a Encine, tenham proporcionado avanços interessantes em muitas comunidades escolares.

A sociedade pode participar, mas não sabe

No dia 18 de setembro, tivemos a presença de Flor Fontenele, conselheira municipal dos direitos da criança e adolescente e representante da sociedade civil. O tema abordado foi a Constituição de 1988, que Fontenele afirma ser uma “constituição cidadã”. Ela explica essa afirmação citando o artigo 227, que diz que a sociedade pode se reunir e se organizar enquanto sociedade civil e exercer o papel de controle social. Ou seja: o Estado não pode fazer tudo sozinho, ele tem que dar direito à sociedade a monitorar o trabalho e propor políticas públicas.

“É através dos Conselhos que a sociedade civil vai se organizar e denunciar”, disse Flor. Os Conselhos são grupos de pessoas que se reúnem para aprovar políticas públicas, como o Ronda do Quarteirão, por exemplo. Eles são específicos por temáticas e são paritários, ou seja, metade do grupo é formada pelo Poder Público e metade pela Sociedade Civil. Quem sustenta os Conselhos é o Poder Público.

Fontenele fala sobre as reuniões mensais, que ocorrem duas vezes ao mês, e sobre as reuniões extraordinárias, que ocorrem quando há necessidade. “Conselho é espaço deliberativo”, a sociedade pode se organizar em redes e fóruns para pressionar o Poder Público em busca de seus interesses.

Já voltando para a temática criança e adolescente, a conselheira falou sobre o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Ela afirma que antes da elaboração do mesmo, existia o Código de Menores, que não favorecia as crianças e adolescentes como um todo, mas favorecia apenas aquelas que estavam à margem da sociedade, como meninos de rua. Ela afirma que o ECA, apesar de não ser bem visto pela maioria da sociedade, foi um avanço para a conquista dos direitos da criança e do adolescente, a começar pelo tratamento, pois no código antigo, o nome “menor” era bastante utilizado e diminuía ainda mais a situação na qual crianças e adolescentes se encontravam.

A importância da conversa traduz-se em uma frase que Flor proferiu no início do encontro: “O brasileiro não cobra seus direitos porque não os conhece”. Ou seja, se todos buscassem conhecer a Constituição, seria mais fácil lutar pelos seus direitos e agir para uma mudança geral no modo como o Poder Público conduz as situações.

18 anos do ECA e a mídia

Para a nossa terceira conversa, recebemos Tarciana Campos, que conversou conosco sobre a ONG Catavento Comunicação e Educação. A Catavento surgiu como programa de rádio na FM Universitária, com a participação dos professores do curso de Comunicação Social da UFC, Nonato Lima e Márcia Vidal.

Primeiramente, o programa tratava de assuntos relacionados ao meio ambiente. Com o aumento da audiência, houve uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Em 1995, foi lançada, oficialmente, a ONG Catavento Comunicação e Educação Ambiental.

As temáticas abordadas eram relacionadas à criança e adolescente, comunicação e educação e meio ambiente, sempre se levando em conta o semi-árido cearense. Fazendo-se uma pesquisa de cobertura de mídia, foi constatado que os temas relacionados à Criança e Adolescente são pautas crescentes; violência e educação são os temas mais abordados. Há um equilíbrio entre as fontes governamentais e as não-governamentais. Entretanto, foi percebido que esses temas não são tratados de forma aprofundada. Além disso, muitas pautas ficam ocultas, dentre elas a deficiência e migrações.

Tarciana comentou que o ano de 2008 foi marcado pela comemoração dos 18 anos do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, no dia 13 de julho. Por volta de maio/junho de 2008, o Fórum DCA começou a se articular. Foram realizadas reuniões para a construção de estratégias. O Fórum DCA divulgou um calendário que continha duas datas importantes: 3 de julho: coletiva de imprensa sobre infância e adolescência; 11 de julho: manifestação em frente à STDS (Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social).

Para a exposição do assunto, Tarciana levou recortes de jornais com as principais manchetes da época, dentre elas:

- Jornal O Povo: “Crianças e adolescentes têm direitos descumpridos”, “Comemoração com protesto e bandas”, etc – o jornal O Povo planejou fazer uma série de reportagens sobre o tema;
- Diário do Nordeste: “18 anos de avanços e desafios” – o jornal Diário do Nordeste utilizou falas de crianças na reportagem;
- O Estado: “Estado, família e sociedade em prol das crianças e adolescentes”, “Crianças desenham sonhos com o aniversário do ECA” e “Maioridade do ECA é festejada com caminhada” – o jornal O Estado teve sua cobertura pautada pelos releases.

Encerrando a conversa, ela afirmou que “ainda falta debate para o avanço ser maior”. As pautas sobre a criança e o adolescente devem estar na mídia não apenas em datas festivas, mas a todo instante, tornando-se presente no dia a dia da sociedade.

Democratizando a Voz

Para a segunda conversa com a turma da disciplina Cobertura da Agenda Social, contamos com a presença do professor Yves Albuquerque, coordenador da ONG ENCINE. Em um bate-papo descontraído com a turma, ele falou sobre a fundação do ENCINE e sobre o Megafone, um programa realizado pela ONG.

Segundo Yves, a ONG surgiu a partir de um seminário realizado em maio de 1988. Entretanto, ela passou a funcionar oficialmente no ano de 1989. “Ela surgiu da vontade de democratizar possibilidades de se ter acesso às tecnologias da comunicação”, disse o professor. Assim, o grupo trabalhou promovendo cursos em escolas públicas.

O ENCINE é uma ONG de terceira geração, uma agência de difusão dos direitos humanos com foco na criança e no adolescente. Ela atende 8 escolas, cerca de 50 pessoas por mês. A divisão é feita em células, que são as seguintes:

- Célula de Educação (Com cursos para professores e jovens da Escola Pública);
- Célula de Mobilização Social;
- Célula de Comunicação;
- Célula de Sustentabilidade.

Yves ainda falou sobre o Megafone, programa televisivo desenvolvido pela ENCINE, que é exibido todo domingo, às 14:00h, e reprisado aos sábados, às 16:30h, pela TVC, para todo Ceará.
O Megafone foi indicado pelo Ministério da Justiça como Especialmente Recomendado para Crianças e Adolescentes, por abordar temas interessantes para a juventude, de relevância social e que estimula a participação de redes. Nele, há a democratização da voz e a troca de subjetividade.

O programa conta com a média de 22 jovens realizadores e tem 6 anos de existência. Durante esse período, foram exibidos mais de 100 programas, com participação de mais de 200 instituições sociais e 100 escolas e teve cerca de 200 pessoas entrevistadas. Nada melhor que um programa feito por e para jovens para expressar toda forma de pensamento em uma linguagem única para essa turma.

Unidos pela Infância

A disciplina Cobertura da Agenda Social do curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará recebe periodicamente convidados que falam sobre diversos temas relevantes para a sociedade. Para a primeira conversa com a turma, esteve presente na faculdade a oficial de comunicação do UNICEF, Ana Márcia Diógenes.

Em uma conversa focada no tema “Criança e Adolescente”, Ana Márcia abordou assuntos pertinentes ao UNICEF – Fundo das Ações Unidas para a Infância, que atua em 155 países. O seu ano de fundação foi 1946. Ele surgiu com o intuito de ajudar as crianças vítimas da guerra e hoje defende os direitos das crianças e adolescentes de todos os países, contribuindo para o seu desenvolvimento. No Brasil, a sede fica localizada em Brasília. Entretanto, existem escritórios em outras cidades brasileiras, dentre elas Fortaleza.

O fundo possui vários projetos, entre eles o “Selo Unicef”, citado pela jornalista, que visa incentivar os municípios a melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes. Para Ana Márcia, esse projeto tira os políticos da passividade frente aos problemas da infância e adolescência, que passam a ser visualizados de outra forma.

Ana Márcia afirmou que a constância do assunto na mídia mudou a maneira que a sociedade enxerga o tema. Hoje, ele tem mais destaque, pois as matérias relacionadas ao assunto ganharam espaço e se tornaram humanizadas, devido ao conhecimento dos profissionais sobre os problemas enfrentados, fazendo com que as pessoas se sensibilizem e comecem a tomar uma atitude.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mídia amplia cobertura sobre crianças e adolescentes

Por Viana Júnior

Sabemos que toda lei que proporciona uma revolução cultural produz avanços lentos, pois há necessidade de adaptação, aceitação e muita propagação. Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completou 18 anos, não seria diferente.

A jornalista Tarciana Campos, que trabalha na ONG Catavento, afirma que houve um avanço significativo na cobertura da temática sobre a infância e a adolescência pela mídia. Antes, as crianças e adolescentes não tinham voz nos jornais e nas televisões. Eles eram o assunto da reportagem, mas não eram escutados. O jornal Diário do Nordeste, por exemplo, fez uma matéria que mostrava as opiniões dos adolescentes sobre o estatuto.

Apesar dessas conquistas, alguns problemas persistem. As reportagens continuam sendo factuais, ou seja, não aprofundam o assunto retratado e estão ligadas a eventos, como o aniversário do Estatuto. Entre os temas predominantes temos a violência e a educação. A primeira sempre levando os jornalistas a erros graves que desrespeitam o ECA. E a segunda mostrando as deficiências do setor, sem levantar debates novos quanto ao tipo de educação que essas crianças e adolescentes recebem.

O número de matérias com a temática infância e adolescência tem aumentado. As discussões sobre os direitos deles também. Mas a sociedade ainda precisa saber sobre suas responsabilidades dentro do Estatuto. Para isso, é necessário utilizar mais e melhor os meios de comunicação como forma de propagação dos direitos e deveres instituídos no ECA. Tarciana reconhece que a mídia já está mais interessada no assunto, no entanto, não há fontes preparadas para lidar com a imprensa. Esse é um Mpíbom sinal do avanço alcançado pelos movimentos sociais que lutam pelos direitos das crianças e dos adolescentes.

Educação e comunicação na ondas da Catavento

Recebemos em sala de aula Tarciana Campos, da ONG Catavento, para continuar as discussões sobre mais um tema de relevância social: a compreensão da comunicação como elemento de conscientização e transformação da sociedade.

Apesar de ter iniciado suas atividades há mais de 12 anos com uma preocupação predominantemente ambiental, a Catavento Comunicação e Educação ampliou sua área de interesse e adotou como prática pensar e utilizar a comunicação e a educação como meios para promover o desenvolvimento humano. Além de ser representante no Ceará da Rede ANDI - Rede da Agência Nacional dos Direitos da Infância - que monitora a cobertura da mídia local no tocante aos direitos da criança e do adolescente e procura mobilizar os jornalistas sobre o assunto, a Catavento mantém vários projetos.

Dois dos projetos comentados por Tarciana, “Segura essa Onda” e “Sintonia Infância”, (este em conjunto com a Rede de Radialistas Amigos e Amigas da Infância) utilizam o rádio como meio de transmissão, que, apesar das novidades tecnológicas, continua sendo a forma mais econômica e abrangente de alcançar seu público alvo.

É animador saber que, apesar das falhas que ainda podem ser apontadas na imprensa local, muito já foi melhorado e que muitos jovens e radialistas, principalmente no interior do Estado, têm se voltado para esta reflexão, por meio da qual toda a sociedade só tem a ganhar.

Mídia e Movimento Social na luta pelos Direitos da Criança e do Adolescente

Em julho deste ano, comemorou-se os 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA. Em Fortaleza, os movimentos sociais envolvidos nessa causa mobilizaram-se, a fim de divulgar a importância do conhecimento e da efetivação dos direitos da criança e do adolescente.

Uma das entidades participantes do movimento foi a ONG Catavento Comunicação e Educação. A Catavento, além de articular projetos que beneficiam crianças e adolescentes do semi-árido, funciona como uma agência da Rede ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância), monitorando a cobertura dos temas da infância e da adolescência na mídia. Nos 18 anos do ECA, a entidade envolveu-se ativamente, participando das manifestações e observando o tratamento que a imprensa cearense deu ao tema.

De acordo com a jornalista da ONG Catavento, Tarciana Campos – que acompanhou todo o processo de mobilização dos movimentos sociais ligados a essa temática – houve uma melhora na cobertura do aniversário do estatuto. Os jornalistas estiveram presentes, tanto na entrevista coletiva dos militantes com a imprensa, como na manifestação que o movimento fez na Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social. Para ela, a mídia mostrou-se mais interessada no assunto, no entanto, as fontes demonstraram falta de qualificação e despreparo para tratar com a imprensa.

Tarciana acredita que ainda há muito o que melhorar. Segundo ela, muitas matérias foram bem elaboradas, mas faltou a participação dos principais interessados no assunto: as crianças e os adolescentes. Apenas o jornal Diário do Nordeste utilizou as próprias crianças como fonte na matéria sobre as comemorações do ECA. A jornalista destacou também a falta de mobilização social e a fragilidade das ações do governo como possíveis causas para a ausência de um debate crítico sobre o tema.

Texto produzido com base no depoimento de Tarciana Campos, jornalista da ONG Catavento Comunicação e Educação, em 11 de setembro de 2008 à turma da disciplina Cobertura da Agenda Social da Universidade Federal do Ceará.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Criança e adolescente: uma nova pauta para a mídia

Contemplando mais um tema da disciplina Cobertura da Agenda Social, a jornalista Tarciana Campos falou, na última quinta-feira, sobre a ONG Catavento e a sua ligação com a criança, a educação e a comunicação.

Em 1995, quando a ONG Catavento surgiu, ainda com o formato de um programa de Rádio, organizado por alunos de comunicação e educação da Universidade Federal do Ceará – UFC, seu tema principal estava ligado à aspectos ambientais. Mais de uma década depois, mais madura e experiente, a Catavento trata, prioritariamente, de assuntos relacionados à criança e ao adolescente.

Trabalhando em parceria com a Rede Andi, que monitora os meios de comunicação para que sejam respeitados os direitos da criança e do adolescente, a Catavento já comemora as mudanças implantadas. “A grande reclamação era que esse assunto nem ao menos era pautado pela mídia. Mas hoje, esses números estão crescendo”, enfatizou Tarciana Campos.

Segundo a jornalista, percebe-se também uma melhoria qualitativa na cobertura deste assunto: “Um progresso é a cobertura não apenas de fontes oficiais, mas das ONGs, crianças e pais”. Entretanto, Tarciana destacou a necessidade de um debate mais crítico sobre o tema, ações governamentais mais fortes e o destaque para assuntos que hoje são ocultados pela mídia, como deficiência e migrações.

Para ela, as primeiras mudanças, do comportamento da mídia, puderam ser observadas durante as comemorações dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em que houve uma mobilização nacional dos jornalistas, que correram atrás de uma cobertura bem feita, com múltiplas fontes, inclusive as das crianças, e contextualizada.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ajudando a mídia a entender a infância

Camila Grangeiro


A temática “infância e adolescência” dentro da mídia, ainda não está focada dentro do que poderíamos chamar de ideal. A abordagem ainda é pequena, as matérias não aparecem com freqüência, são muito factuais, não aprofundam a temática de criança e adolescente como política pública, algumas pautas são deixadas de lado, como deficiência e migrações. Mas, apesar dessa falha, não podemos negar que esse tema vem ganhando mais visibilidade.

A ONG Cata-vento Comunicação e Educação trabalha em cima dessa temática junto aos meios de comunicação. A Cata-vento começou como um programa de rádio sobre meio ambiente, foi crescendo e se institucionalizou como ONG em 1995. A temática foi mudando e não se limitou apenas à Educação Ambiental, e foi se aproximando muito do tema Criança e Adolescente no Semi-árido. A Cata-vento trabalha junto à imprensa, dentro do assunto que abrange criança e adolescente.

A jornalista da ONG, Tarciana Campos, disse que vêm crescendo o número de matérias jornalísticas em relação à infância, mas que ainda precisa melhorar bastante. Tarciana comentou sobre os 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que aconteceu em julho de 2008, que trouxe maior visibilidade ao tema, pois a grande maioria dos veículos de comunicação tratou do tema em questão.