sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Comunicação e educação, ligação mais real e necessária que se imagina

Em 2007, tive uma oportunidade ímpar de expandir os meus conhecimentos, não somente na área de comunicação, mas na descoberta de novas realidades alheias ao meu dia-a-dia. Em meio a um sentimento de desafio, iniciei um estágio na Secretaria de Educação de Maracanaú. Lá, convivi com as dificuldades enfrentadas por quem é estudante da rede pública de educação e me apaixonei pela causa da comunidade escolar. Não me restou dúvidas do quanto a comunicação é importante na busca da escola ideal.

Embora as dificuldades se apresentassem no ambiente, em quase um ano que fiquei por lá descobri o quanto os estudantes de escolas públicas querem pensar e mudar a realidade, muitas vezes cruel, que os cercam. É incrível como são determinados. Um potencial surpreendente, uma energia que não encontrei nos colégios particulares em que estudei. Para eles, qualquer oportunidade vale muito. Quando têm um suporte, realmente produzem conhecimento, e nos deixam a sensação de que o mundo realmente tem jeito através da educação.

Talvez o professor nem saiba. O meu contato com a ONG Encine se deu nesse período. Em uma das escolas de Maracanaú, chamada Instituto São José, presenciei a formação de um Laboratório de Comunicação Educativa (Lace) em todas as suas fases, desde as capacitações com os professores até a parte física do laboratório. Foi uma experiência interessante. Adolescentes, se eu não me engano do 7º e 8º ano, tinham ali a oportunidade de expandir o conceito de escola e de, realmente, inverter o processo ao qual o aluno é mero repetidor de informações expostas por um professor doutrinador.

Um estímulo à autonomia e ao desenvolvimento do sentimento coletivo dos estudantes. Como o professor Ives colocou em sua exposição em sala sobre a Encine e o programa “Megafone”, o projeto que tive oportunidade de conviver diariamente, pertencente à entidade coordenada por ele, é uma forma de estabelecer uma cidadania ativa dos novos sujeitos sociais nas escolas. E como ele mesmo disse, as formas como essa cidadania se manifesta podem surgir de diversas formas.

Daí, o que sai das câmeras, computadores, microfones são apenas extensões do que realmente ocorre naquela comunidade escolar. É um conhecimento adquirido, produzido e, melhor de tudo, identificado entre os sujeitos, impossibilitando qualquer possibilidade do processo educativo ser meramente repetitivo.

Aliar comunicação à educação é extremamente benéfico para a formação da escola mais desejada. Infelizmente, o Estado não se deu conta do quanto essa associação é importante, embora parcerias com entidades, como a Encine, tenham proporcionado avanços interessantes em muitas comunidades escolares.

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