quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

CATAVENTO: Novos rumos na defesa da criança e do adolescente

Por Rafael Veras Castelo Branco

Criado no dia 13 de julho de 1990 através da homologação da Lei n° 8.069, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 18 anos de existência, defendendo os direitos de crianças e adolescentes sem distinção de raça, cor e classe-social. Na comemoração de aniversário foram levantadas várias discussões acerca de sua legitimidade e prática, onde órgãos, principalmente Organizações Não-Governamentais (ONG’s), deram seu parecer sobre o assunto, cobrando do Estado e da sociedade o cumprimento do estatuto e o respeito aos direitos das crianças e dos adolescentes.

A Catavento Comunicação e Educação Ambiental, ONG localizada em Fortaleza e originária das faculdades de Comunicação Social e Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), é uma organização ativa no que se diz respeito à cobertura do assunto criança/adolescente. Tarciana Campos, jornalista da Catavento, em palestra a alunos da UFC, mostrou um pouco da responsabilidade e dos exercícios que a ONG promovem em meio à sociedade para defender o ECA e seus beneficiados.

Como muitas outras ONG’s, a Catavento teve atividade influente nas comemorações de aniversário do estatuto, bem como no dia-a-dia, organizando movimentos, divulgando seu trabalho e analisando a cobertura da mídia em relação ao evento e problemática criança/adolescente. Segundo ela, a cobertura do evento foi suficiente e plausível, mas, no que diz respeito à cobertura do cotidiano e dos problemas que as crianças e os adolescentes sofrem, ainda há uma defasagem, principalmente no que se diz respeito a escutar esses jovens e disseminar suas necessidade.

Continuando sua cobrança e seu ativismo, a Catavento promove campanhas e projetos para educar e cuidar de crianças e adolescentes, com ênfase no Ceará e sua região semi-árida. Um exemplo glorioso é o Projeto da Rede de Radialistas Amigos e Amigas da Infância, onde, através de um programa veiculado em todo o Estado do Ceará, são discutidos assuntos e soluções voltadas para a situação da criança e do adolescente, disseminado idéias e verdades para todos do estado, uma iniciativa que pretende e deve ser muito maior.

ENCINE: Um novo caminho através da Arte-Educação.

por Rafael Veras

Diferente de alguns anos atrás, a sociedade e o Estado brasileiro têm ampliado suas preocupações com a questão social, trabalhando pela construção de políticas para diminuir as desigualdades de oportunidades entre os indivíduos do país. A Encine, instituição apartidária e não-governamental,criada em 1998 e coordenada por Ives Albuquerque, é um exemplo bem próximo da nossa realidade.

Localizada em Fortaleza, a ONG é um referencial na luta pela defesa dos direitos humanos, com ênfase na juventude, promovendo atividades educacionais com crianças e adolescentes de escolas públicas e/ou de áreas de risco, por meio das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TCI’s – ex: televisão, rádio e Internet).

A ENCINE realiza todos os seus trabalhos com base na consciência social, aplicando em suas ações os chamados quatro eixos: a educação, a comunicação, a mobilização social e a sustentabilidade. Esses conceitos são passados aos jovens por meio dos Arte-Educadores (Arcos), antigos beneficiados pela instituição que recebem capacitação e formam, num futuro próximo, novos jovens para ocupar seus lugares.

Uma das grandes iniciativas da ENCINE é o Megafone, programa veiculado pela TVC, que tem foco na democratização da voz, tratando sempre de assuntos de relevância social e que tenham boa influência na formação e na capacitação de jovens.

Assim, realizando e implantando propostas de melhoria social, a ENCINE já conquistou prêmios importantes, como o Prêmio Escola Viva 2007, o Prêmio Itaú Unicef 2007 e o Selo de Programa Especialmente Recomendado 2006 (o único do nordeste), pelo Megafone.

Transparência.

A disciplina de Cobertura da Agenda Social recebeu Alberto Teixeira, fundador e diretor executivo da Escola de Formação de Governantes, que explicou como funciona a EFG e falou sobre transparência na política.

Em 1994 aconteceu o primeiro curso de Formação de Governantes da EFG, uma escola que escolhe seus “alunos” não pelo currículo escolar, mas pela atividade social e política que exerce ou deseja exercer.

Segundo Teixeira, a Escola foi criada com o objetivo de formar pessoal para exercer as tarefas de direção política, e não é uma escola do governo, mas uma escola de governo. Seus princípios norteadores são: a capacitação técnica-política, a formação ética e a visão sistêmica. O curso tem duração de dois semestres com 150 horas, dividido em 5 módulos que versam acerca de Política e Democracia, Estado e Sociedade, Economia, Políticas Públicas, Análise de Políticas etc.

Para o professor, a geração de políticos que está no poder é analfabeta política, muitos sequer sabem o que é democracia, e isto é o motivo de boa parte dos problemas sociais do Brasil. A falta de transparência é uma realidade na política brasileira. Pessoas sem o mínimo de ética e respeito com o povo respondem por grande parte dos cargos políticos.

De acordo com o diretor executivo da EGF, nem mesmo as ONG’S estão livres da falta de transparência, algo muito preocupante, já que essas organizações têm uma essência de honestidade e luta em favor do coletivo.

Teixeira acredita que o curso tem um papel fundamental na formação de políticos éticos e que buscam o bem coletivo, não apenas visam seus próprios interesses.
Israel Lima

OPA

O último tema abordado na disciplina de Cobertura da Agenda Social foi a OPA (Oficina de Publicidade Alternativa) ministrada em dois dias por meus colegas Danielle, Diego, Giórgia e Hercília da disciplina de Comunicação Comparada, lecionada pela Professora Doutora Márcia Vidal aos alunos da habilitação em Publicidade e Propaganda.

Os condutores da oficina apresentaram noções sobre Publicidade e Propaganda discorrendo sobre as diferenças nas utilizações dos dois termos, e concluindo que hoje ambos se confundem, sendo utilizados muitas vezes para expressar exatamente a mesma coisa. De fato isto acontece com certa freqüência. Até mesmo no universo acadêmico, dentro do curso de comunicação social fazemos isso.

O grupo levantou ainda questões sobre propaganda socialmente responsável, como: “Sempre é possível fazer uma propaganda socialmente responsável?” ou “Até onde as empresas utilizam o marketing social para se promoverem?” ou ainda “Até onde as ações de responsabilidade social necessitam ser vinculadas às marcas das empresas?”. Questionamentos que nos fazem refletir acerca de tais propagandas desenvolvendo nosso senso crítico, não que devamos pensar que toda propaganda é mentirosa (como ela já é normalmente taxada), apenas devemos ter consciência de que a propaganda é uma construção. O que se diz nas propagandas normalmente não é mentira, apenas é apresentado de maneira que os elementos utilizados estejam dispostos de forma a causar no receptor da mensagem uma sensação que lhe desperte o interesse já existente de comprar determinado produto ou serviço. Claro que também há propaganda enganosa, e este foi outro ponto abordado pela equipe, diferenciar propaganda enganosa de imagem construída.

Por fim, aplicaram um exercício de “desconstrução” de logomarcas, para que a turma analisasse o que cada elemento queria transmitir: cores, modelos tipográficos, formas geométricas etc. Uma publicidade (e uma logomarca é publicidade) pode ter diferentes interpretações de acordo com a carga cultural e do “repertório” de cada receptor.
ECA: em busca de reconhecimento

Israel Lima

Quando se fala em infância e adolescência na mídia de massa, trata-se prontamente de “buscar a saída mais fácil” e mencionar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, em geral, isto é feito de forma muito restrita. Sem grandes aprofundamentos.


Em palestra aos estudantes da disciplina “Cobertura da Agenda Social” da Universidade Federal do Ceará – UFC a jornalista Tarciana Campos, integrante da ONG Catavento, destacou a falta de visibilidade que a mídia de massa dá ao ECA, mas admite que houve um progresso com relação à abordagem do assunto, visto que antes o tema era muito pouco pautado. Em julho deste ano, muitos veículos de comunicação destacaram o aniversário de 18 anos do Estatuto, porém, não é o bastante. O tema carece de uma maior divulgação para que as pessoas o conheçam melhor e passem a respeitá-lo. “No Livro I do ECA há cinco direitos fundamentais, mas na prática, grande parte dessas garantias são desrespeitadas”.


A ONG Catavento Comunicação e Educação existe desde 1995 e trabalha a temática da infância e adolescência junto aos meios de comunicação, entendendo o papel educativo que a comunicação possui, como forma de contribuir para a conscientização das pessoas com relação aos direitos pouco conhecidos das crianças e dos adolescentes. A ONG desenvolve diversos projetos, dentre eles o Programa Sintonia e Infância que é produzido com a colaboração de radialistas dos estados do Ceará, do Piauí e do Rio Grande do Norte através de reuniões de pauta via internet e/ou telefone. Depois de finalizado, o programa é enviado em CD ou MP3 e veiculado em rádios comunitárias dos três estados. Em Fortaleza, o programa vai ao ar pela Rádio Universitária FM.

APAE

Na última quinta-feira, 23, a turma de “Cobertura da Agenda Social” da UFC recebeu a visita da atual vice-diretora e da segunda secretária da APAE Ceará, Maria Luíza Barbosa e Tetê Picanço, que contaram um pouco da história e da missão da APAE.

No dia 11 de dezembro de 1954 surgia no Rio de Janeiro a primeira APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), tendo como seu primeiro presidente o Almirante Henry Broadbent Hoyer. No Ceará a APAE existe há 36 anos e - segundo sua atual vice-diretora, Maria Luíza Barbosa,- já conta com mais de 20 outras espalhadas pelo estado em cidades como Juazeiro do Norte, Iguatu, Várzea Alegre, Sobral e Maracanaú. Em todo o Brasil somam-se mais de 2.000 sedes.

A Instituição recebe ajuda dos Governos Federal, Estadual e Municipal, além de doações de pessoas físicas e jurídicas. Existem hoje 7mil doadores cadastrados. Também são realizadas campanhas para angariar recursos. Desde 1982 a sede da APAE Fortaleza está localizada na avenida Rogaciano Leite, 2001 no bairro Luciano Cavalcante, e sua construção contou, dentre outras ações, com a “Feira do Cacareco” e com a “Campanha do Tijolo” para concretizar-se.

A APAE atende a portadores da Síndrome de Down Leve de 0 a 50 anos, através de um trabalho pedagógico sério feito com responsabilidade. São cerca de 100 funcionários entre assistentes sociais, psicólogos e terapeutas ocupacionais - alguns voluntários e outros pagos pela instituição, além dos professores - cedidos pelo Governo – para lidar com os mais de 400 alunos que a freqüentam.
Israel Lima

CULTURA LIVRE

A disciplina de Cobertura da Agenda Social da UFC recebeu Philipe Ribeiro e Uiráporã Maia do Carmo, militantes da Cultura Livre, para contar um pouco de suas experiências com o tema e trocar conhecimentos com a turma. Aliás, este é um ponto muito importante levantado pela dupla: a troca de conhecimentos.

Philipe e Uiráporã buscam uma livre disseminação da cultura, onde as pessoas transmitam gratuitamente e recebam de volta novos conhecimentos. Philipe apresentou o exemplo do cartunista Carlos Latuff, que disponibiliza sua arte na internet gratuitamente. Certo dia um desenho seu foi parar na capa de um jornal extrangeiro, que não pagou um centavo sequer pela imagem. Segundo Philipe, isso não quer dizer que não se deve cobrar por cultura, mas que depende do fim a que ela se destina porque afinal, todos precisam de algum dinheiro para sobreviver. Se o desenho é para um anúncio publicitário que vai render lucros a um empresário, por que não cobrar? Mas se é um desenho de uma logomarca para uma ONG realmente comprometida com a alguma causa nada mais justo que não cobrar. Philipe cita ainda o exemplo da Rádio Muda de Campinas-SP, que funciona no campus da UNICAMP, embaixo de uma caixa d’água (que serve como torre para a antena), aproveitando um espaço até então abandonado. A Rádio Muda toca músicas que talvez não tivessem espaço em rádios comerciais, integrantes da chamada “mídia gorda”, que vende como espaço publicitário o espaço para tocar músicas de qualidade.

Outro exemplo importante é o Movimento Software Livre. Segundo Uiráporã, o Movimento surgiu em contraposição à venda dos softwares, que priva as pessoas do acesso a certas ferramentas de grande utilidade na vida moderna. Quando se compra um computador, em alguns casos o sistema operacional corresponde a cerca de 30% do valor total, dificultando consideravelmente a efetivação da compra. Sistemas gratuitos como o Linux permitem um acesso livre e irrestrito a diversas ferramentas antes privadas. E o Firefox, um navegador gratuito, permite o livre acesso ao “mundo” através da internet.
Israel Lima

CONSELHOS

Muito se ouve sobre os Conselhos Municipais da saúde, da educação etc., porém grande parte das pessoas sequer sabe o que isso significa. Seguindo a lógica etimológica, “conselho” significa indicar a alguém como proceder. E, de certa forma, é isso mesmo o que ele faz.

Em conversa com a Conselheira Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Flor Fontenele, na última quinta-feira, 18, durante aula da turma da disciplina “Cobertura da Agenda Social” da Universidade Federal do Ceará – UFC descobrimos o real significado de Conselho, por quem é formado e quais as suas atribuições.

Segundo Flor, os Conselhos Municipais são formados por representantes do governo e da sociedade civil. Os do governo são indicados, já os da sociedade civil são eleitos da seguinte forma: ONG’s se inscrevem para votar e para concorrer ao posto. A divisão é igualitária, 50% de representantes para cada lado. Bastante criteriosa é sua organização por conta da grande importância que possui, visto que os conselhos “regulam” as políticas públicas criadas pelo governo, e que elas apenas começam a ter validade após aprovação pelo conselho específico. É um passo importante para a descentralização político-administrativa, já que o povo de alguma forma participa das decisões tomadas pelo governo e as regula.

Flor Fontenele ressaltou ainda a importância do ECA, que completou 18 anos de defesa aos direitos da criança e do adolescente, substituindo o chamado “Código do Menor” o qual os tratava como infratores e objetos de tutela do Estado. O Estatuto da criança e do adolescente é dividido em três partes: os artigos que versam acerca da promoção dos direitos, da defesa dos direitos da criança e do adolescente, e do controle social. O ECA não é a favor da impunidade, e sim da adoção de medidas sócio-educativas com vistas na reeducação da criança e/ou do adolescente que cometeu algum ato infrator.

Por Israel Lima

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Comunicação e educação nas ondas do rádio

O último dos textos que falta para a complementação dos trabalhos dessa cadeira, por minha parte, é sobre a ONG Catavento, que contou com a participação de Tarciana Campos. A organização é uma das mais influentes no que diz respeito à defesa dos direitos da criança e do adolescente e, principalmente, a forma como esses sujeitos são tratados na nossa mídia, seja ela impressa, radiofônica, telivisiva ou internet.

A Catavento se propõe a trabalhar na área da comunicação, percebendo-a como estratégia de mobilização social, compreensão e transformação de realidades, a partir da aproximação com processos educativos. O grupo surgiu em 1991 no contexto universitário, onde estudantes se organizaram para produzir um programa sobre meio ambiente. Daí, a produção se transformou em uma organização, que ampliou horizontes e percebeu que a educação poderia se aliar à comunicação.

O público principal da ONG passou a ser o infanto-juvenil. Projetos de programas de rádio, principalmente, vem levando a Catavento a vários municípios do semi-árido, mostrando como a combinação comunicação-educação pode gerar resultados positivos, quanto ao combate da desigualdade social e da defesa da cidadania e dos direitos das crianças e dos adolescentes.

Em 2004, a Catavento fechou parceria com a Rede ANDI, que tem como função monitorar a cobertura da mídia no que remete a criança e o adolescente. A Rede surgiu em 2000 e tem sido uma das mais atuantes e respeitadas na área.

O que mais chama atenção na Catavento é a apropriação de um meio de comunicação que parece ter sido feito para o mundo democrático. O incentivo à produção radiofônica tem gerado ótimos resultados, que podem ser conferido nos vários endereços que o site da Catavento disponibiliza na web.

Destaque principal para os programas Ondas da Cultura e Sintonia da Infância.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O comunicador e a in-formação

Entende-se por agenda, um livro de anotações para o registro de futuros eventos importantes para quem está tomando nota. Com uma definição assim, simplória, do substantivo, talvez seja possível compreender um pouco da importância desta disciplina que trata das temáticas sócias.

Em uma sociedade, principalmente a brasileira, tratar com a devida responsabilidade de temas tão relevantes, deveria ter um grau maior de comprometimento por parte dos profissionais de comunicação, sejam jornalistas ou publicitários, sem esquecer, é claro, das instituições de ensino que os colocam no mercado de trabalho. Infelizmente a maioria dos comunicadores, falando da forma mais ampla possível, não está devidamente preparada para tratar de forma séria de assuntos como, criança e adolescente, cultura livre, a inclusão das pessoas com deficiência, entre tantas outras questões.

Entre todos os assuntos abordados pelos que visitaram a disciplina, um tópico foi bastante enfatizado, a informação como a maior arma de combate em suas reivindicações. Por essa razão, talvez já esteja na hora do profissional de comunicação compreender sua real responsabilidade social e também assumir seu papel de educador responsável.

Em uma sociedade sedenta por informação, o comunicador ganha uma responsabilidade maior. Não somente se ater à técnica da escrita, ou à estética da matéria, é preciso repensar o que está sendo dito e a forma como isso poderá contribuir positivamente para um bem maior e comum a todos.

OPA: uma alternativa para a propaganda

Aline Nogueira

Para o encerramento do semestre, tivemos como duas últimas aulas de Cobertura da Agenda Social uma Oficina de Propaganda Alternativa (OPA), dirigida pelos alunos da habilitação em Publicidade e Propaganda Diego, Danielle, Hercília e Giórgia. O grande mérito, para mim, foi o contato com alguns conceitos e reflexões de outra área, que também faz parte da Comunicação Social tanto quanto a nossa, o que até então não havia acontecido de forma tão direta.

Apesar do tempo curtinho, conhecemos um pouco da teoria: a diferença entre Publicidade e Propaganda (que não parece uma questão muito bem definida), tipos de signos, relações entre signo, objeto e intérprete, comunicação do coletivo, etc.

O destaque ficou por conta dos exercícios propostos e das discussões levantadas. Pelos exemplos de anúncios de revista selecionados pelos “oficineiros” e trabalhados em grupo, ficou claro que a publicidade não é só aquela “vilã” que cria necessidades e omite desvantagens. Também é possível promover um produto ou uma idéia e, ao mesmo tempo, respeitar o público alvo, evitar abordagens preconceituosas, informar e promover a conscientização de quem assiste, vê ou lê uma determinada peça publicitária. Prova maior disso é que é através da publicidade que ONG´s têm o seu trabalho divulgado e mais pessoas dispostas a abraçar suas causas.

A grande diferença está na conduta ética do comunicador, que pode (e deve!) usar o seu trabalho de acordo com a sua consciência e formação. Ser socialmente responsável pelo que produz e refletir sobre o impacto disso na audiência faz a diferença entre o bom e o mau comunicador. Diante disso, foi lançada a semente de uma campanha no nosso curso de Comunicação Social que chame a atenção dos alunos para essa responsabilidade.

Uma questão de liberdade

Por Viana Júnior

Software livre, segundo a definição criada pela Free Software Foundation, é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído. Não só usuários domésticos, mas também empresas e até governos - nas três esferas (municipais, estaduais e federal) - estão, hoje em dia, adotando o software livre para fugir dos altos custos que precisam pagar por licenças de programas comerciais.

Esse software pressupõe quatro tipos de liberdade, para os usuários: liberdade de executar o programa, para qualquer propósito; liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas necessidades; liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo e; liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Um programa é software livre se os usuários têm todas essas liberdades. Portanto qualquer pessoa pode baixar o Mozilla Firefox ou o Gimp (versão livre do Photoshop) da Internet, instalar, copiar e passar adiante, sem nenhum custo e sem ferir direitos autorais.

Segundo Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia, tudo isso é cultura livre, um movimento para difundir idéias, conhecimentos e democratizar a informação, através do acesso livre e eficiente das tecnologias. A cultura livre não pressupõe a compra ou o pagamento de serviços, mas também não significa que não se possa ganhar dinheiro assim. É tudo uma questão de visão. Apesar de não ser pago, os produtores ganham com assistência técnica e atualizações em empresas. Afinal, caridade com os ricos, não tem sentido.

O trabalho do cartunista Carlos Latuff, por exemplo, foi uma das demonstrações de como alguém pode trabalhar livremente, expondo suas criações, deixando-as acessíveis e não perder nada com isso. Sem dinheiro não se vive, mas é possível criar maneiras novas de consegui-lo sem explorar o nosso próximo. Tudo é uma questão de liberdade, não de preço.

Por um lugar ao sol

Por Viana Júnior

Assim como os pais orgulhosos penduram no alto as conquistas dos queridos filhos, também a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) orgulha-se dos largos passos dos seus. A lembrança de todos os que por ali passaram e conquistaram um espaço no mercado de trabalho por seu esforço está estampada no rosto da vice-presidente da instituição em Fortaleza, Maria Lúcia Barbosa. Ela se emociona ao falar das conquistas em prol dos direitos das pessoas com deficiência em meados de 80.

Naquela época, a Apae ainda não tinha sede, funcionava em uma casa alugada. Apesar da estrutura ainda pequena a instituição já oferecia aos pais de crianças com deficiência algumas respostas educacionais, psicológicas e sociais para o acompanhamento dos seus filhos. Com muito esforço e a contribuição de cada fortalezense, uma sede maior e mais preparada para atender aos alunos foi construída.

Há 30 anos como voluntária da Apae, Maria Lúcia conta emocionada a história de alguns dos mais de 170 aprendizes, preparados na instituição, e que agora exercem as mais diversas funções nos Correios, no MC Donalds e na Pague Menos. Através de oficinas, como de informática, de corte e costura e de carpintaria, eles são preparados e treinados para ocuparem postos de trabalho, como qualquer outra pessoa que não apresenta alguma deficiência. Até chegar a essa quantidade de pessoas com necessidades educativas especiais (síndrome de down e deficiência mental leve) que saíram da Apae para o mercado de trabalho, a luta foi longa e árdua, mas ainda não terminou.

Além do atendimento aos alunos há também um atendimento aos pais. Afinal, eles precisam ser os primeiros a acreditar no potencial dos próprios filhos. Só assim as pessoas com qualquer tipo de deficiência podem ser respeitadas e ocupar espaços na sociedade onde realizem suas competências e habilidades.

A APAE Fortaleza atende atualmente a mais de 400 alunos e possui 100 profissionais entre assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e professores, uma parcela de voluntários e outros contratados pela instituição. Todos com alguma especialização na área pedagógica voltada para pessoas com deficiências.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Por uma cidadania transparente

Aline Nogueira

Recebemos na disciplina de Cobertura da Agenda Social o economista Alberto Teixeira, militante do movimento pela transparência e um dos diretores da Escola de Formação de Governantes.
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A EFG do Ceará é a terceira deste gênero no Brasil (a de São Paulo e a de Santa Catarina vieram antes) e seus cursos têm como objetivo ajudar a formar governantes com maior capacidade técnica, maior preocupação ética e visão global. Parlamentares, prefeitos, lideranças de bairros, professores, jornalistas, sindicalistas, militantes, secretários de governo: nesse grupo heterogêneo se concretiza a proposta de coletivizar o saber e a reflexão sobre o exercício do poder público.
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Para Alberto, ainda temos uma postura individualista, limitada. A gestão pública deve levar em conta a interação entre aspectos que, via de regra, aparecem apartados: saúde de um lado, educação de outro, segurança logo mais ali, economia aqui, cultura um pouco mais acolá... Tudo isso perpassa o cotidiano, a sociedade e é o bem estar desta sociedade que deveria, em tese, orientar cada decisão.
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Prova de que isso ainda não acontece é a ausência de análise dos resultados de ações governamentais. Pouco, ou nada, se avalia para determinar a continuidade ou interrupção de uma política pública. Simplesmente se interrompe, porque o novo governo tem seus próprios projetos e deve deixar a sua marca com criações próprias. E aí vai pelo ralo uma boa soma de recursos investidos.
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Entretanto, não é só do poder público a atribuição de agir de forma ética e comprometida com a coletividade. Essa deve ser a mola mestra da conduta de cada cidadão. Buscar informações de como os recursos estão sendo aplicados na cidade, exigir o cumprimento de leis que acabam virando letra morta, organizar-se para fiscalizar a ação de órgãos governamentais e mesmo não governamentais devem ser atitudes constantes. Exercer a cidadania não é só eleger uma pessoa, é cobrar de todos a construção do bem estar coletivo. E para isso não é necessário estar em uma ONG ou movimento social. É uma questão de consciência.
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OPA! Uma tapioquinha? Um sanduíche? Propaganda enganosa

Antes de começar a detonar a OPA (oficina de publicidade alternativa), ministrada pelos impiedosos colegas Danielle, Diego, Giórgia e Hercília, gostaria de falar que fiquei com muita fome, e a falta da comida realmente vai influenciar nos comentários que aqui seguem..

Brincadeira.. (hehehe)

Bem, a oficina colocou na berlinda uma das minhas paixões: a publicidade e a propaganda. Embora postulante a jornalista, sou um apaixonado pelas sacadas inteligentes dos profissionais dessa área, que considero uma arte (leve-se em conta o meu conceito esdrúxulo de arte). Apesar deles me fazer perder aquele tempo, quando estou no fechamento de uma matéria, e, de repente, surge um comunicado interno que um anúncio de sapato vai "comer" metade de um texto que poderia salvar milhões de crianças do submundo das drogas, a publicidade é um meio vital do mundo moderno, capitalista e paradoxal quanto a sua racionalidade.

Interessante ouvir dos colegas conceitos que remetem a uma nova forma de fazer publicidade. Seria algo mais ético? Mais antenado com os movimentos sociais? Com a questão sócio-ambiental? É sempre válida uma pausa no tempo para avaliar a avalanche comunicacional que invade as páginas dos nossos jornais (ai que ódio), a bunda dos nossos ônibus e topics 55, outdoors, panfletos, televisão ou mesmo aqueles 15 minutos intermináveis de comerciais antes do de qualquer filme no cinema.

A atitude crítica a que nós somos chamados durante a oficina é por demais importante, assim como a definição dos conceitos, ou mesmo a apresentação de inúmeros pontos de vistas, de inúmeros acadêmicos diferentes. Não vou negar que me senti um pouco "menino véi", que a partir das revelações dos nosso colegas descobre um mundo diferente e se desencanta com muita coisa.

O que realmente importa para nós nesse momento é discutir o padrão de publicidade que pod existir. Algo mais respeitoso e, acima de tudo, compromissado com a variedade e com a diversidade de pessoas e situações na nossa sociedade. Acredito, sim, que a publicidade pode ter o seu lugar frente a uma socidade afim de formar cidadãos, mas também sou consciente das condições que o mercado impõe. Enfim, são essas as minhas palavras sobre as duas aulas prazerozas que tive oportunidade de participar com os colegas.

Campe: o amor acima de qualquer coisa

"Não sabíamos que éramos militância". Eis uma frase que marcou bastante no depoimento de Keila Chaves sobre o Campe, Centro de Apoio às Mães de Portadores de Eficiência. A entrevistada de uma das aulas da disciplina Cobertura da Agenda Social é uma das fundadoras desta Organização Não Governamental, que vem atuando ativamente em defesa das pessoas com deficiência.

Um discurso visivelmente apaixonado, desapegado de qualquer partidarismo ou teoria maior. Carregado de amor, com certeza. Sentimento que nasceu na falta de estrutura que o Estado, teoricamente responsável por zelar pelos direitos, e até mesmo de instituições privadas proporcionaram ao seu filho Davi, atualmente com 12 anos de idade.

Keila bateu de porta em porta com o objetivo de dar o que toda mãe quer para um filho: educação. Um sentimento que nasceu de um domínio particular, sanguíneo, é verdade, mas que unido aos casos de outras mães, gerou algo coletivo, que hoje engrandece nosso País, atuando em um setor pouco assisistido.

O Campe é um exemplo de instituição composta, acima de tudo, por pessoas guerreiras, não apenas interessadas em dinheiro. O exemplo disso é o próprio depoimento de Keila, que revela desentendimentos com o marido por conta da atividade pouco proveitosa financeiramente.

São atitudes como essa que provam que existem trabalhos que valem mais que qualquer remuneração. O apoio, a recompensa se enxerga nos olhos dos nosso "eficientes", cidadãos como nós. Dignos de respeito e dos direitos, tão caros na nossa sociedade.

Liberdade, liberdade

Aline Nogueira

Philipe Ribeiro e Uiraporã Maia foram os nossos convidados para conversar sobre cultura livre, com destaque para rádio livre e software livre. Os veículos alternativos, como as rádios livres, tornaram-se espaços de expressão dos grupos que não encontravam inserção no mercado de massa (que Philipe chamou de “mídia gorda”) e preferiram outros caminhos para se relacionar com seu público.
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O rádio acabou ganhando mais força por apresentar baixo custo (pelo menos se comparado a televisão e cinema, por exemplo) e alcançar um contingente numeroso e diversificado de pessoas. O que ocorre, entretanto, é a freqüente marginalização das emissoras alternativas e comunitárias, chamadas comumente de “piratas”. E aí ganha o mundo mais uma lenda urbana: a idéia de que os sinais destas rádios interferem no tráfego aéreo, nas comunicações e por aí vai. Não é a toa que 2 de cada 3 três pedidos de concessão de rádios são aceitos quando há apadrinhamento de algum político, enquanto apenas 1 em cada 12 pedidos de pessoas não ligadas a este meio são deferidos. Trechos de programas como os da Rádio Muda, de Campinas, mostraram o conteúdo produzido pela comunidade universitária.
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O software livre foi igualmente discutido. Ao falar dele, Philipe e Uiraporã ressaltaram a compreensão do conhecimento como algo que deve ser compartilhado, difundido, dividido, pois assim abrem-se as oportunidades para que mais e mais conhecimento seja gerado. A idéia é colaborar com o aperfeiçoamento dos programas e se beneficiar desta construção coletiva. O curioso da história foi saber que os programas “nasceram livres”, sem a rígida proteção dos direitos autorais, mas o mercado acabou percebendo este filão e comercializando. Interessante perceber também que a militância da cultura livre não se faz de inocente e sabe separar em quais situações é necessário cobrar pelo trabalho realizado e em quais outras a circulação do conhecimento é que vai gerar bons dividendos.
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A Espetacularização da Notícia.






















A imagem é do artista britânico Banksy. Sua atuação artística se confunde com sua crítica política e social, em especial ao capitalismo desumanizador e as guerras. A imagem publicada aqui é bem ácida, porém não podemos mentir que retrata muito do que vive atualmente a produção jornalística vinculada à necessidade de audiência e embaçada por uma ética duvidosa. Que o diga a Eloá. Como os profissionais da comunicação podem escapar dessa armadilha?
Veja mais em http://www.banksy.co.uk/menu.html

domingo, 30 de novembro de 2008

"Uma imagem vale mais que mil palavras"

Nem parece que chegamos ao fim. Depois de descobrirmos um pouco mais sobre o mundo de quem está diretamente ligado ao bem-estar social, já bate aquela saudade. Unicef, Encine, MST... cada personagem mais interessante que o outro e, para fechar com chave-de-ouro, é hora da oficina do estudante de Comunicação Social (Habilitação: Publicidade) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Diego Soares, que mesclou teoria e prática ao demonstrar a importância da imagem na sociedade.

Foi com base na idéia de que elementos simbólicos possuem uma carga semântica capaz de identificar ou até mesmo ocultar, como exemplo o estilo 'clubber' do estudante de Jornalismo Edgel Joseph - UFC, uma marca pessoal indissociável da sua personalidade esfuziante, que Diego separou a turma em grupos e exibiu no "data-show" algumas logomarcas de instituições não-governamentais, como a da WWF. Objetivo? Perceber se a estrutura de fontes e cores de uma logo estão afins com a missão da ONG correspondente.

E não é que deu certo? Há uma relação intrínseca da imagem com a instituição responsável pelo reconhecimento da identidade da marca. Com tal exercício, pôde-se aplicar conceitos de "criação de imagem", como os de significante e significado, fundamentais para o entendimento de como se processa o imaginário coletivo sobre o que se é observado.

Edgel Joseph