Por Lívia Nunes
Ao longo dos 25 anos de luta pela terra, o Movimento dos Sem-Terra (MST) perdeu militantes e batalhas, foi discriminado e também traído. Fortalecido por essa dura realidade enfrentada, o MST vem se firmando como um movimento politizado e cheio de ideologias e sonhos. Utopias à parte, ele vem mostrando, ainda que lentamente, que a reforma agrária é uma realidade possível.
Militante há 11 anos, Joyce Ramos, que atua no setor de comunicação e juventude do MST, fala com emoção e até com certo misticismo das ocupações que já participou. “Participar dos assentamentos é uma experiência única. Você entra e sai diferente”.
Quando questionada quanto à forma de realização das ocupações, Joyce esclareceu que nada é feito ao acaso e explicou que, antes de darem início às ocupações, é feito todo um trabalho de levantamento das terras que não estão cumprindo a função social. “Toda terra que não cumpre sua função social, tem o direito de ser ocupada, enfatizou”.
Durante o bate-papo, a jovem militante lembrou que existem famílias que estão há mais de 10 anos em terras ocupadas, vivendo em baixo de lonas. De acordo com Joyce, a caminhada está à passos de ‘tartarugas deficientes’, porém a sociedade brasileira já não vê o MST com um olhar tão negativo como há 20 anos.
Para ela, isso se deve às ações do MST nas áreas de educação e saúde; nas novas parcerias estabelecidas, inclusive com a UFC, que abrirá um curso de jornalismo para os militantes, e com a UECE e no fortalecimento do movimento em 24 Estados brasileiros.
Lutando por uma ampla e efetiva reforma agrária, que mexa com a estrutura fundiária do país e dê condições de sobrevivência aos trabalhadores, o MST trava uma batalha quase isolada e árdua para mostrar que pode ser construída uma nova sociedade. “Pode parecer utopia, mas a gente quer contribuir para as outras sociedades”, afirmou com tom convicto Joyce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário