sábado, 11 de outubro de 2008

O outro lado da militância do MST

Aline Paiva


A fala de Joyce Ramos para os alunos da disciplina de Cobertura da Agenda Social trouxe para a sala de aula um pouco da polêmica e dos posicionamentos extremados que o assunto desperta. Militante do MST desde os 15 anos e há 11 no movimento, ela ocupa atualmente um cargo na secretaria de comunicação e juventude e foi de forma apaixonada que abraçou a causa da luta pela terra.

Tivemos a oportunidade de conhecer um MST diferente do que é mostrado na grande mídia do nosso país. Ao invés de falar dos “saqueadores”, “invasores”, “baderneiros”, e “oportunistas”, que aparecem nos jornais e telejornais armados, invadindo propriedades aleatoriamente e de forma violenta, Joyce nos apresentou um movimento de homens, mulheres, idosos e crianças que reivindicam o direito a trabalhar a terra e assim oferecer condições de vida digna a mais pessoas.

Vimos um grupo que planeja suas ações, visita a comunidade para entender as condições de trabalho do local, busca informações sobre as propriedades antecipadamente, verifica se algo é produzido nelas, se as leis trabalhistas e a Constituição são respeitadas naquela fazenda, promove diversas reuniões de diagnóstico e levantamento das famílias que não possuem terra e conscientização sobre o processo, planeja como acontecerá a ocupação do local, realiza, através de seu advogado, o pedido de liberação da área para Reforma Agrária e resiste até que seja atendido pelo INCRA.

Todo esse processo é transmitido para a sociedade de forma recortada, parcial, omitindo detalhes importantes, como a indenização que o fazendeiro recebe do INCRA, gerando assim um posicionamento da sociedade que marginaliza e rotula os militantes.

Logicamente a fala da convidada sofre forte influência de todos os seus anos de contato com o movimento, mas saber como é este outro lado da moeda serve como um precioso alerta para que tenhamos o cuidado de conversar com todos os envolvidos antes de publicar qualquer coisa. Aquela velha regra de ouvir fontes dos dois lados da questão mostra-se fundamental em casos como este e garante um resultado muito mais justo e responsável.

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