quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Agora é a vez da luta pela terra!

Por Gabriela Meneses

Após vários encontros com entidades ligadas à luta pelos direitos da criança e do adolescente, nossa Agenda Social da última quinta-feira, dia 2 de outubro de 2008, pautou a questão da terra. A convidada foi Joyce Ramos, integrante do setor de Comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. A militante, que há 11 anos faz parte do movimento, explanou muito bem as histórias, as lutas e as linhas políticas que mobilizam o MST.

O movimento surgiu há 25 anos, no final do período da Ditadura Militar. No entanto, suas origens remontam às antigas Ligas Camponesas, organizações que reuniam camponeses, em torno da luta por melhores condições de trabalho no campo. As Ligas tiveram uma atuação bem expressiva na região Nordeste, porém foram extintas durante o governo antidemocrático dos militares.

Com a modernização da agricultura e, conseqüentemente, o avanço do êxodo rural, os agricultores ficaram sem perspectivas de melhores condições de vida. Faltava oportunidade de trabalho nos campos e nas cidades. Assim, no final da década de 70, os sindicatos rurais começaram a se organizar novamente e atuar regionalmente, defendendo os direitos do cidadão do campo.

Com o passar do tempo, as lutas regionais passaram a formar um grande movimento nacional. Então, em 1979, houve a primeira ocupação do MST, na época chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais, coordenada pela CPT (Comissão Pastoral da Terra). A ocupação foi no Rio Grande do Sul, local onde havia uma concentração maior de famílias expulsas do campo.

Joyce explicou que a partir dessa primeira ocupação, o MST começou a delinear seu perfil político como movimento social de luta pela terra. Ela conta que, no início, a base social do movimento eram trabalhadores sem-terra - pequenos proprietários, assalariados rurais, posseiros, meeiros - porém, hoje em dia, qualquer pessoa, que seja da classe trabalhadora, pode fazer parte do MST.

Joyce diz que o movimento não luta apenas pela terra, o movimento quer mudanças na estrutura fundiária do país. Para isso é preciso uma reforma agrária que, além de distribuir terras a quem precisa, tem de proporcionar condições dignas de sobrevivência para os agricultores e suas famílias. E essa conquista ainda está lenta no Brasil, pois as atenções do governo se voltam para o agronegócio, restando ao homem simples do campo, apenas medidas paliativas.

No entanto, Joyce não desanima. Ela acredita que há alternativa para esse sistema que maltrata a vida de tantos trabalhadores. E é isso que move o MST: o desejo pela transformação social. O movimento quer chegar a construir uma nova sociedade, sem desigualdades sociais. E eles mostram que isso é possível, através de experiências bem sucedidas nos assentamentos e nos acampamentos do Movimento Sem-terra.

Nenhum comentário: