quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O falso MST da mídia

A sigla MST desperta diversas reações, principalmente extremadas, ou seja, elas costumam defender ou o condenar o significado idealista que essas três letras carregam, mas raramente alguém se mantém isento sobre o tema. Os que tratam negativamente o Movimento dos Sem Terra são influenciados, na maioria das vezes, pela mídia, que adora se vangloriar ao se caracterizar como isenta. São privilegiados aqueles que tem a oportunidade de ter um contato direto com alguém do movimento, e foi isso que aconteceu durante a nossa quinta palestra. A integrante do MST Joyce Ramos foi a convidada dessa vez.
Joyce faz parte do setor de comunicação do movimento e, durante a nossa conversa, esclareceu inúmeras dúvidas que mesmo alunos de comunicação social da UFC, que se dizem longe da alienação, possuem. Ela primeiramente contou a história de luta do MST: como nasceu, com que propósitos, como aconteceram as primeiras ocupações e etc. Joyce evitou falar de sua vida pessoal e de seu envolvimento com a causa citada. Talvez não fosse o seu objetivo. Talvez sua principal meta fosse relatar sobre o que diariamente ela e todos os seus companheiros sonham para a sociedade brasileira e como eles costumam atuar.
Os principais críticos do MST adoram ressaltar o caráter violento que ele possui, e de que é de total ilegalidade, e de uma injustiça sem tamanho, ocupar uma terra que já tem dono. Militantes de foice e enxadas na mão destruindo fazendas e casas. Essas são as principais imagens mostradas pelos meios de comunicação sobre o movimento. Mas o Movimento dos Sem Terra definitivamente não é isso.
Joyce nos mostrou que se trata apenas de uma visão de um mundo mais justo, onde todos teriam oportunidades, onde pudessem escolher e ter acesso a tudo que lhes é necessário e de direito. E eles procuram proporcionar isso para alguns trabalhadores. Claro, que para alcançar o objetivo, o qual pode demorar consideravelmente, é preciso luta. As ocupações acontecem. Mas elas não tomam terra de ninguém, apenas aquelas que lhes é de direito, as improdutivas. Já em relação a violência, ela é conseqüência de uma reação igualmente violenta dos “proprietários” e sua milícia. As enxadas e foices estão ali porque, afinal, são agricultores.
O único esclarecimento que precisa ser dado não é por parte de Joyce, mas dos meios de comunicação. Porque “demonizar” tanto um movimento que visa o melhor para a população, por mais que eles possuam um método discutível? Seria isso medo? Por parte de quem exatamente? O que incomoda tanto?
O fato é que a isenção jornalística com o MST quase não existe (para ter uma visão otimista). Então para sair dessa ignorância do dia-a-dia é preciso um pouco de sorte e de acesso à informação, como tivemos durante esta palestra. É lamentável que apenas poucos vão ter essa oportunidade.

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