sábado, 30 de agosto de 2008

Muito além da nota final!

Por Gabriela Meneses

A cena era comum no ambiente universitário. Estudantes, professor, convidado. Vou anotar tudo que ela disser. E o texto para o blog? E minha nota? Pensamentos como esses poderiam estar por trás de olhares atentos e curiosos. Ou não. Muito além da nota final, nós, futuros (ou já) profissionais de Comunicação tivemos a chance de vivenciar, através da experiência da comunicadora Ana Márcia Diógenes, oficial de comunicação do UNICEF, a luta pela garantia dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes.

Entrar nesse campo é adentrar também nas políticas públicas que devem atender e garantir a efetivação desses direitos, uma vez que o Estado é responsável pela organização da vida coletiva e deve promover as condições necessárias para a existência digna dos indivíduos. Assim, Ana Márcia apresentou um dos principais projetos do UNICEF no Ceará, o selo UNICEF, que trabalha em parceria com os dirigentes municipais.

Essa iniciativa promove um espaço de cidadania para crianças e adolescentes. Os municípios atuam na perspectiva de desenvolver a comunicação comunitária, incentivando o público infanto-juvenil a produzir suas próprias peças de comunicação, e de incentivar a participação de crianças e adolescentes na gestão das políticas públicas. Atingindo os objetivos propostos pelo Unicef, o município é premiado com um selo de qualidade da criança e do adolescente.

www.selounicef.org.br

Entrar no campo dos Direitos Humanos é analisar também a participação do trabalho dos comunicadores sociais, que tem o poder de provocar reflexões na sociedade sobre os mais variados assuntos. Ana Márcia destacou a ANDI (Agência Nacional dos Direitos da Infância) como importante colaboradora no processo de formação de profissionais para atuar com os temas da infância e da adolescência no Brasil.

www.andi.org.br

No Ceará, a ONG Catavento Comunicação e Educação, através do trabalho da ANDI, promoveu uma pesquisa que traça um panorama da cobertura dos temas da infância e da adolescência no Estado. Felizmente, de acordo os dados da pesquisa, realizada em 2004, houve um avanço em relação ao ano anterior: a quantidade de matérias, veiculadas nos dois maiores jornais cearenses (Diário do Nordeste e O Povo), com enfoque na criança e no adolescente aumentou 27% em relação ao ano anterior.

No entanto, na mesma pesquisa, foi constatado que apenas 5,94% do total das fontes ouvidas por jornalistas eram crianças e adolescentes. Em matérias em que esses atores sociais aparecem como agente de algum tipo de violência, a polícia foi ouvida em 66,53%, os Conselhos Tutelares foram fontes em apenas 0,41% e os adolescentes, em 5,31%. Esses dados mostram que ainda é necessário mobilizar os profissionais, a fim de estreitar o diálogo entre a mídia e os temas da infância e da adolescência.

A experiência profissional e as informações apresentadas por Ana Márcia nos instigam a lutar por uma cobertura mais eficaz, mais profissional e mais comprometida com a promoção e a garantia dos Direitos Humanos da criança e do adolescente. Iniciativa que nos leva muito além dos pontos para a nota final, dirige-nos a exercer plenamente a função de comunicadores sociais.

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