sábado, 30 de agosto de 2008

Por Darlano Dídimo

A jornalista Ana Márcia Diógenes, oficial de comunicação da Unicef, foi a primeira convidada da disciplina "cobertura da agenda social", do curso de Comunicação Social da UFC. Ana Márcia iniciou sua carreira na área trabalhando no jornal "O Povo". A jornalista também teve experiências na TV jangadeiro e na TV Manchete, além de experimentar a assessoria de imprensa.

Ana Márcia começou a trabalhar no Unicef em fevereiro de 2001, onde permanece até hoje. O Fundo das Nações Unidas, o Unicef, é uma agência das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento.

O Fundo atua em 155 países pelo mundo. No Brasil, a agência possui oito escritórios, além da sede oficial em Brasília. No Nordeste, existem escritórios em Fortaleza, Recife, São Luís e Salvador.

O Unicef surgiu em 1946 com o objetivo de ajudar crianças vítimas de guerra, mas acabou ampliando sua atuação para crianças carentes do mundo inteiro. A área de cobertura da agência está diretamente ligada ao direito da criança e do adolescente. Um dos principais programas promovidos pelo Unicef atualmente é o Selo Unicef. A iniciativa faz parte do projeto de Comunicação Comunitária, que tem como objetivo estimular que os municípios entendam o que é comunicação e façam comunicação. O ideal é promover uma reflexão sobre o papel dos meios de comunicação na sociedade.

Segundo Ana Márcia Diógenes, apenas 22% das cidades utilizavam os meios de comunicação, e a maioria que desenvolvia esse trabalho tinha uma credibilidade baixa. Para a oficial de comunicação, o Selo além de ter mudado a realidade comunicacional do município, mudou a forma passiva como os políticos viam as crianças e adolescentes.

Outro assunto tratado por Ana Márcia foi a forma como os meios de comunicação cearenses tratam o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Eca, criado em 1990. De uma maneira geral, a jornalista disse que há uma grande incompreensão do estatuto, pois eles tratariam apenas dos direitos exigidos pelo documento, e não dos deveres proporcionados.

De acordo com a pesquisa "A criança e o adolescente na mídia cearense", realizada pela agência Catavento e pala rede ANDI Brasil, o Ceará representa 1,7% das 8.434 notícias que citaram o Eca ao longo do ano de 2004. Os dois principais jornais acompanhados, "O Povo" e o "Diário do Nordeste",ficaram entre os três que mais publicaram matérias citando o Estatuto, sendo que "O Povo" divide a primeira colocação com o jornal "A Tarde", de Salvador.

Dentre os problemas detectados pela pesquisa está a ocultação de uma série de pautas nas matérias em que o Eca é mencionado. Das 147 notícias analisadas no Ceará, apenas duas mencionam uma discussão de raça e etnia. Somente uma matéria cita o documento "Um Brasil para as crianças", documento que contém um conjunto de metas e objetivos sociais nas áreas de educação, saúde, proteção e HIV, e o Plano Presidente Amigo da Criança, que reúne propostas e projetos do Governo Federal para alcançar as metas estabelecidas no documento já citado.

Dentre as soluções propostas para consertar os problemas no trabalho da imprensa cearense na área estão: qualificar os jornalistas no tema e prepará-los para o diálogo com as fontes; citar, nas matérias que envolvam direitos previstos no Estatuto, o artigo ao qual se refere, seja quando falar sobre uma ação ou uma omissão; envolver cada vez mais os meios de comunicação, no sentido de se tornarem pública a discussão acerca da infância e da adolescência.

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