A missão de ser mãe, naturalmente, não é tarefa fácil. São batalhas travadas, conquistas festejadas, noites acordadas. Tudo por um filho. Entretanto, ser mãe de uma criança com deficiência requer ainda mais coragem, dedicação e luta.
Não bastasse o drama de criar um filho com deficiência, muitas das mães vêem seus lares destruídos quando abandonadas pelos maridos. E foi buscando força junto às outras mães e lutando por dignidade para seus filhos que um grupo de mães fundou o Centro de Apoio às Mães de Portadores de Eficiência – CAMPE.
Pode parece estranho, mas a escolha da palavra eficiência não foi um erro, nem por acaso. Segundo a nossa desembaraçada convidada da semana, Keila Chaves, membro do CAMPE e mãe de criança com deficiência, a escolha foi para demonstrar que mesmo com deficiência é possível ter uma vida ativa. “Mostra o outro lado do filho, porque o lado deficiente já salta à vista”, explicou.
Em quase uma hora de conversa, contemplamos a saga de uma mãe que nunca baixou a cabeça para os preconceitos ou para o descaso do Governo. “Antes os Governos diziam que tínhamos que ficar em casa escondidos”. Os próprios médicos nos incentivam a deixar o deficiente isolado, acrescentou.
Hoje, mais ciente da realidade, Keila dá o alerta: “Se a família não estiver fortalecida, o deficiente vai sofrer e viver na marginalidade”.
Segundo Keila, as mães desconhecerem os direitos dos filhos. “As mães nem sabem que os filhos podem chegar à escola”. Mas como bem ela enfatizou: “o papel do pai é matricular o filho, o papel da escola é matricular o aluno e o papel do Governo é garantir a educação”.
Com o atual decreto 60.571, que garante a escola acolhedora de pessoas com deficiência verba em dobro, as mães militantes estão confiantes. “Agora com o decreto, a gente acredita que as escolas irão cumprir o dever de matricular nossos filhos”.
Perto de completar cinco anos de existência, o CAMPE assume a missão de cobrar os direitos das crianças, denunciando e pressionando os Governos. “As leis nunca vão sair do papel se não forem cobradas”, enfatizou Keila.
Apesar das muitas conquistas, inclusive com o resgate da esperança das mães, Keila frisou que os desafios são quase os mesmos e que os dados ainda são muito maquiados.
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